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Villa Maria
A Villa Maria localiza-se no concelho de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, nos Açores.
Trata-se de uma propriedade da família Noronha, tendo sido residência de José Pimentel Homem de Noronha, governador civil do Distrito de Angra do Heroísmo, no período de 1893 a 1895.
História
A propriedade pertenceu a um arcediago da cúria do Bispado da Diocese Angra do Heroísmo. Nela destaca-se o solar, que possui cinco séculos de história em sua parte mais antiga. São testemunhos deste período não apenas uma antiga iconografia onde se encontram figuradas a propriedade e a casa originais, mas também uma antiga epigrafia com a data de 1502, recuperada durante recentes trabalhos de manutenção sobre a porta da atual adega que, à época, poderia ter assinalado a entrada principal.
O solar foi ampliado por volta de 1700, após a propriedade ter sido adquirida aos seus antigos proprietários por membros da família Noronha, que terá chegado aos Açores na pessoa de D. Luísa de Noronha, filha de Pedro Ponce de Leão e de D. Helena de Noronha, ainda no século XVI.
Características
O solar é acedido a partir da via pública por um portão de ferro forjado, percorrendo-se um caminho de acesso com cerca de 81 metros de extensão. A fachada principal, voltada a Sul, para o mar, é rasgada por uma portada ao centro e por quatorze janelas, trabalhadas em cantaria de pedra. Conta, na totalidade, atualmente, com quarenta quartos.
A primitiva edificação apresentava dois pavimentos. O seu piso superior - primitivamente dividido em quartos - constitui-se atualmente num salão, utilizado como sala de jantar, com mais de 12 metros de comprimento, iluminado naturalmente por quatro grandes janelas voltadas para o mar, e, na parte traseira, por mais duas, abertas para a propriedade.
Este salão comunica-se com o exterior por uma porta envidraçada, que se abre para um terraço com varanda, onde é aproveitado o eirado de uma cisterna cuja construção também data de 1502 e onde, ainda hoje, é aprovisionada a água para os dias de Verão.
O antigo sobrado é sustentado por grossas traves e barrotes de madeira de cedro, que descansam sobre as cantarias das paredes laterais e numa arcada em estilo românico, que atualmente definem, no pavimento inferior, uma adega em duas partes. Esta adega tem mais de 20 metros de comprimento, prolongando-se por debaixo da parte da casa erguida em 1700.
A porta central convida-nos a entrar num amplo saguão que se abre para os dois lados do andar de baixo por 4 portas de escuro pinho resinoso. Ao centro deste saguão a imponente escadaria que dá acesso ao andar nobre é ladeada por 4 colunas de pedra trabalhada onde se mistura a pureza do Estilo românico e algo de Rococó na parte superior de cada uma das colunas.
Os azulejos do chão deste saguão, tão antigos como a casa são uma excelente mostra da antiga azulejaria portuguesa.
As duas primeiras portas laterais com as suas cantarias trabalhadas num leve arco são rematadas numa ogiva que o estilo faz lembrar o árabe.
As duas restantes de cantaria simples dão acesso às laterais da casa, antigas areias de serviço e a uma dispensa e arrecadação onde se guardavam e ainda guardam os produtos agrícolas da quinta.
Ao subimos a escadaria deparamo-nos com a sua abertura superior em círculo onde se abrem 3 portas. A central, em vidro engastado em pinho resinoso dá-nos acesso ao corredor central de onde pudemos partir à descoberta da casa.
Pudemos faze-lo por vários lados, mas por uma questão de ordem é preferível começar pelo lado nascente. Começamos assim pela parte de 1502, a Sala de jantar e a adega.
Esta adega que ocupa todo a rés-do-chão da casa de 500 é dividida em duas grandes salas: A primeira, onde existiam os lagares e onde eram esmagadas as uvas para se fazerem os vinhos que foram afamados. É detentora de 2 profundos lagares onde as uvas esmagadas eram deixadas a adquirir cor e a fermentar.
Nas paredes existem ainda os espaços e os mecanismos de prensa das uvas.
Desta primeira sala e passando por uma porta de maciça madeira escura rodeada de pesadas cantarias, passa-se, subindo algumas escadas para uma outra grande sala onde o vinho era guardado em enormes tonéis alguns com mais de 960 litros de capacidade e de que ainda existem alguns exemplares.
Este vinho guardado em câmara escura e a uma temperatura sempre constante envelhecia até adquirir a idade e o corpo necessário para ser engarrafado e de novo guardado em garrafeiras até que finalmente chegasse a altura de ser comercializado. As uvas com que este vinho era feito eram produzidas na Quinta da Villa Maria e também na Fajã de São João onde os donos desta casa tinham terras.
Esta parte da adega é profundamente encastrada na casa de 500, ficando por debaixo dela e lateral à segunda parte da casa construída por volta de 1700, sendo assim uma autentica e excelente cave ideal para os vinhos.
A sala de jantar em que foi transformado o andar superior da casa de 500, isto quando foi edificada a casa de 1700, pudemos admirar a sua bela mobília composta por vários estilos que no entanto formam um conjunto harmonioso e onde se destacam os antiquíssimos armários de exóticas madeiras trabalhadas, onde se guardam os serviços de jantar. Trata-se de uma sala com mais de 12 metros de comprimento e 8 de largura onde as janelas são encastradas em belas madeiras escuras. O Tecto desta sala exibe um antiquíssimo lustro com data desconhecida que pende de um grande florão que enfeita o tecto branco.
Desta sala passamos para o corredor central onde as portas se abrem para nos dar acesso às encantadoras salas onde o passado está sempre presente.
A cozinha... linda divisão com saída para a rua e para a quinta é dotada de um grande forno onde nos velhos tempos se cozinhava o pão que aqui se comia elaborado com cereais da propriedade.
Os armários embutidos na parede, que se elevam quase a três metros de altura, guardam os utensílios que neste divisão se usam.
A enorme chaminé de mãos postas dá liberdade aos fumos.
Á dispensa de pedra que fornece esta cozinha tem-se acesso por uma porta em arco, quase camuflada entre um canto e o armário.
De quarto em quarto chega-se finalmente à capela que pelas suas características não se pode deixar de falar:
Entra-se na capela por duas portas em ogiva a partir do corredor central.
Está dedicada a Capela de Nossa Senhora das Vitórias, ou das Vitórias e devidamente registada e autorizada pela diocese de Angra do Heroísmo desde os tempo mais remotos. Data de 1700.
Ainda guarda todos os paramentos necessários à sua actividade. Aqui já se rezaram missas e se fez casamentos. No ano de 2006 foi realizado um baptizado e uma Crisma em que foi o oficiante o cónego Francisco Caetano Tomás.
Apesar de há cerca de meio século só ser utilizada pelos proprietários da casa ainda guarda memórias de tempos em que foi mais frequentada.
É aqui de destacar a bela imagem de Nossa Senhora das Vitórias esculpida em madeira e datando de 1700, o antigo livro de missa ainda escrito em Latim entre muitos outros paramentos e elementos únicos.
Novamente seguimos em frente pelo corredor à procura de novas descobertas:
O salão nobre, a maior sala de toda a casa é iluminado por 5 janelas que se abrem a sul, ao mar e a ponte, às terras de cultivo.
Neste grande salão é de destacar a sua linda mobília de vários estilos e o seu lustre onde a arte foi usada com empenho.
Quando se entra neste salão vêem-nos à memória as festas de antigamente onde ao som do piano que aqui se encontra se dançava ou descontraidamente se passava o serão ao calor de uma salamandra.
Por toda a casa, a madeira é uma constante. Trabalhada com arte, os floreados estão por toda a parte. No entanto os enormes florões centrais dão um ar de nobreza aos sistemas de iluminação que deles se desprendem.
Todas as janelas estão rodeadas por belas cantarias onde a pedra foi trabalhada com esmero.
A cantaria, aliás, é algo que surge por toda a casa, o que até é normal tendo em atenção a data de construção e os materiais que então se utilizavam.
Por cima da porta da entrada é de destacar o lindo florão de pedra que dá à entrada uma ideia daquilo que nos pode esperar.
A janela da capela, por cima da porta de entrada, toda em pedra trabalhada é exemplo da pedra feita arte.
A Villa Maria e os seus donos estão profundamente ligados à Ilha de São Jorge, onde também eram grandes proprietários de terras, nomeadamente no concelho da Calheta Açores e no antigo concelho do Topo.
Também possuíam grandes propriedades na Ilha Terceira, onde terão chegado, no século XVI, na pessoa de D. Luísa de Noronha, filha de Pedro Ponce de Leão e de D. Helena de Noronha, e que foi desposada por Heitor Homem da Costa, irmão de Álvaro Martins Homem, capitão do donatário da Praia da Vitória.
FONTE WIKIPÉDIA