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Hospital Termal Rainha D. Leonor
O Hospital Termal Rainha D. Leonor localiza-se no Largo Rainha D. Leonor, na freguesia de Nossa Senhora do Pópulo, cidade e Concelho das Caldas da Rainha, Distrito de Leiria, em Portugal.
É considerado o mais antigo hospital em funcionamento no mundo.
História
A fundação
A história do hospital termal liga-se à história da povoação. Segundo a lenda, quando em trânsito de Óbidos para a Batalha, em 1484, a rainha D. Leonor, esposa de João II de Portugal, e a sua comitiva, passaram por um local onde várias pessoas se banhavam em águas quentes, de cheiro forte. A rainha perguntou-lhes porque o faziam, uma vez que o hábito de tomar banho era incomum à época, tendo lhe sido respondido que eram doentes e que aquelas águas possuiam poderes curativos. A rainha quis comprová-lo e, como também tinha uma doença, banhou-se naquelas águas, logrando a cura. Por essa razão, no ano seguinte 1485 mandou erguer naquele lugar um hospital para todos aqueles que nele se quisessem tratar.
Para atender ao hospital, a soberana concedeu foral à pequena povoação que assim se formou, então contando com cerca de 30 moradores, onde concedia os benefícios de isenção da jugada (antigo tributo que recaía em terras lavradias), dos oitavos, da siza e de portagem, que também se estendiam aos mercadores que viessem de fora para comprar ou vender.
O hospital, concluído cerca de 1488, recebeu o nome de Nossa Senhora do Pópulo, ainda de acordo com a tradição porque se destinava ao atendimento do povo. Era sob essa invocação ainda que se encontrava a Capela real, projectada inicialmente como capela do hospital, com duas janelas interiores que a ligavam à enfermaria, e que acabou por ser convertida em Igreja Matriz.
O reinado de D. Afonso V
Sob o reinado de D. Afonso V o hospital foi reconstruído e ampliado: durante treze anos, até ao fim da sua vida, ele, a família real e a Corte usufruíram anualmente das águas termais, contribuindo para o desenvolvimento da povoação, alçada a vila em 1511.
O reinado de D. João V
O hospital sofreu extensa campanha de reconstrução entre 1747 e 1750 sob o patrocínio de D. João V e D. Maria Ana de Áustria. Nessa fase foram demolidas várias edificações, entre elas a primitiva Casa da Câmara e Cadeia, reconstruída no centro da povoação. Com projeto de Manuel da Maia e Eugénio dos Santos, foram criadas as piscinas e instalada a "buvete" uma espécie de chafariz, erguidos dois pisos no edifício principal e alterada a fachada, que adquiriu o estilo joanino, então em voga. Foram ainda erguidos um Palácio Real, para hospedagem da Família Real por detrás do Hospital, e o conjunto de três chafarizes em que se destaca o Chafariz das Cinco Bicas.
A Igreja de Nossa Senhora do Pópulo foi tudo o que restou do primitivo hospital.
O Consulado Pombalino
Sob o reinado de José I de Portugal, o marquês de Pombal determinou a reforma do Regimento do Hospital Termal 1775. Entre outras alterações em seu funcionamento, a data de abertura anual passava a ser 15 de maio, razão pela qual se acredita ser o dia da cidade comemorado nessa data.
O século XIX
No século XIX, no contexto da Guerra Peninsular, as dependências do hospital foram utilizadas para aquartelamento de soldados franceses 1808, e para atendimento aos feridos franceses e ingleses na Batalha da Roliça e na Batalha do Vimeiro.
No fim do século destacou-se a administração de Rodrigo Maria Berquó 1888-1896. Deve-se-lhe, entre outras obras, a construção de mais um piso para acolher enfermarias, bem como a edificação dos pavilhões do Parque, criados para receberem áreas de internamento da unidade hospitalar, e a reestruturação da Mata Rainha D. Leonor e do Parque D. Carlos I.
Os nossos dias
Em nossos dias, o hospital termal continua a desempenhar as funções para as quais foi criado, mas de forma limitada. Após um período em que esteve encerrado para obras, e devido a uma bactéria que ali se instalou, apenas oferece duas modalidades de banhos de imersão simples ou "bolha de ar", sendo que, neste último, um tapete depositado na banheira cria um efeito semelhante ao de uma jacuzzi aos pacientes que o procuram para tratamento das doenças remáticas e músculo-esqueléticas e das doenças das vias respiratórias. A instituição dispõe de serviços de Hidrologia e Medicina Física e Reabilitação, bem como um serviço de internamento.
Museu do Hospital e das Caldas
O Museu do Hospital e das Caldas localiza-se na freguesia de Nossa Senhora do Pópulo, cidade e Concelho das Caldas da Rainha, Distrito de Leiria, em Portugal.
Integrado no conjunto do Hospital Termal Rainha D. Leonor, expõe em caráter permanente peças ligadas à história, à vida cotidiana e evolução das técnicas de tratamento daquela instituição.
Além de exposições temporárias, oferece visitas guiadas de Julho a Setembro, recomendando-se a visita à piscina da Rainha, nas dependências do Hospital Termal.
História
O imóvel onde se encontra remonta à chamada "Caza Real", onde habitou a rainha D. Leonor.
Posteriormente, no século XVIII, o edifício foi remodelado e adaptado para residência dos provedores e tesoureiros do Hospital Termal, uma vez que a realeza e a corte preferiam alojar-se nas melhores residências da vila.
A sua atual feição remonta à reforma promovida em 1861, com projecto de autoria do engenheiro Pedro José Pézerat, que lhe ampliava as dimensões e conferia linhas classicistas à fachada, semelhantes às atuais.
Em 1894, o edifício foi objeto de nova intervenção, sob a administração de Rodrigo Berquó, que lhe adquiriu mobiliário próprio uma vez que, até aquela data, o recheio era de propriedade de cada administrador. A partir de então, o imóvel passou a oferecer condições condignas para acolher não apenas os directores do Hospital mas também os membros da Família Real Portuguesa que, periódicamente, para ali se deslocavam à época.
Após a Proclamação da República Portuguesa 1910 o imóvel conheceu diversas funções até que ao final do século XX foi devolvido ao Hospital Termal. Face ao seu precário estado de conservação, a partir de 1992, com o apoio do IPPAR, do Instituto Português de Museus, da Fundação Calouste Gulbenkian, do Museu de José Malhoa e do Museu de Cerâmica foi iniciada uma extensa campanha de restauração, requalificando os seus espaços para receber as instalações do Museu do Hospital e das Caldas. No projeto de restauro optou-se por recriar uma residência da nobreza, com espaços sequenciais, tectos de caixotão e tabuado, mantendo o traçado original da fachada principal.
Igreja de Nossa Senhora do Pópulo
A Igreja de Nossa Senhora do Pópulo, também referida como Igreja Matriz das Caldas da Rainha, integra o conjunto do Hospital Termal Rainha D. Leonor na freguesia de Nossa Senhora do Pópulo, cidade e Concelho das Caldas da Rainha, Distrito de Leiria, em Portugal.
História
Originalmente constituía-se na Capela do Hospital Termal, sob a invocação de Nossa Senhora do Pópulo. Em 1507, perante o forte crescimento da povoação das Caldas, estimulado pelos privilégios concedidos pela rainha D. Leonor aos que ali habitassem, a soberana solicitou ao Papa Júlio II autorização para que a sua Capela pudesse assistir espiritualmente os moradores, assim como aos frequentadores dos banhos no hospital. Atendido o pedido, no ano seguinte o templo foi elevado à condição de Igreja Matriz 15 de Agosto de 1508. Atualmente constitui-se num dos elementos patrimoniais mais significativos do município.
A sua traça é de autoria do Mestre de Pedraria Mateus Fernandes, um dos responsáveis pelas Capelas Imperfeitas do Mosteiro da Batalha. As obras do templo foram concluídas em 1500 e a torre sineira, considerada como uma das mais belas do país - em 1505. Com a elevação a Matriz, recebeu pia batismal.
Com a função inicial de capela privativa do Hospital Termal, destinava-se ao acompanhamento espiritual dos doentes ali atendidos. Assim, no primeiro dia em que chegavam à instituição, ali se confessavam e comungavam. Só após o tratamento com as águas era iniciado. À época da rainha D. Leonor, havia comunicação direta entre a capela e o hospital.
Classificada como Monumento Nacional desde 1910, no contexto das comemorações dos 500 anos da elevação a Igreja Matriz, foram concluídos em 2008 os trabahos de restauração do relógio da torre. Ao mesmo tempo, encontra-se em progresso uma campanha de angariação de fundos para a recuperação do seu órgão de tubos, datado de 1825, instalado no Coro Alto.
Características
O edifício compreende elementos do tardo–gótico com outros de características locais mudéjares e manuelinos. Apresenta revestimento interior em azulejos seiscentistas, conservando, da primitiva construção painéis de azulejos hispano-árabes nos altares laterais.
Sobre o arco triunfal, destaca-se um magnífico tríptico da Paixão de Cristo. Destacam-se ainda os altares em talha dourada, o próprio arco triunfal, a cobertura abobadada, os bocetes decorados, as pinturas sobre madeira do século XVI, a pia baptismal esculpida em pedra calcária e os azulejos do século XVII.
A máquina do relógio, na torre, é do tipo "gaiola", encavilhado, com carrilhão, e foi doado pelo rei D. João V, já no fim da sua vida. O tamanho de seu pêndulo é considerado raro.
Parque D. Carlos I
Parque D. Carlos I localiza-se na cidade das Caldas da Rainha, no Distrito de Leiria, em Portugal.
Trata-se de um jardim romântico, anexo ao Hospital Termal Rainha D. Leonor. Recebeu o seu nome em homenagem ao rei Carlos I de Portugal.
História
Antecedentes
O conceito de um parque do hospital termal remonta a um espaço arborizado, anexo à "Casa da Convalescença" erguida no reinado de João V de Portugal, integrado na Mata Rainha D. Leonor, onde os doentes podiam passear e convalescer. Até à época do Marquês de Pombal a zona do atual parque era constituída por terras de vinha e de oliveiras.
O Passeio da Copa
Mais tarde, na passagem do século XVIII para o século XIX, período em que se inicia a afirmação da burguesia, os conceitos de lazer e de divertimento integram-se como um novo elemento, complementar à acção terapêutica. Neste contexto foi implantado o chamado "Passeio da Copa", por iniciativa do Dr. António Gomes da Silva Pinheiro administrador do hospital entre 1799 e 1833. Este jardim, típicamente barroco, com elementos como escadarias, muros de suporte e eixos de simetria, tinha a dupla função de permitir aos doentes que vinham tratar-se no hospital, recuperarem-se da sua doença e, possibilitar a sua recreação, em passeios como era costume à época. Em pouco tempo, entretanto, o jardim será alterado, existindo planta do novo "Passeio da Copa" datada de 1806, que corresponde a grosso modo, à parte norte do atual parque.
As mudanças trazidas pelo Liberalismo em Portugal, fazem-se sentir em considerável mudança na sociedade portuguesa, com a afirmação da burguesia enquanto classe social. A partir de então aumenta o afluxo às àguas termais, sobretudo às das Caldas da Rainha, por parte das classes dirigentes: ir às àguas para tratamento e divertimento tornou-se moda, refletindo uma tendência em toda a Europa.
Personalidades de renome como Ramalho Ortigão e Pinheiro Chagas fazem referências ao "Passeio da Copa" e à sua utilização pelos aquistas. O Clube, constituído em 1837, nasce como um símbolo do liberalismo, como um local onde os sócios e as suas famílias se reuniam para partilhar leituras, jogos - com destaque para o "whist" e o "boston" -, concerto e bailes.
Em 1884 a direção do Hospital Termal reuniu-se para formular um plano de reformas para o estabelecimento, de modo a torná-lo mais competitivo quer a nível nacional quer internacional. Um dos pontos mais importantes era a questão dos espaços contíguos ao hospital, que necessitavam ser melhorados. O Dr. Francisco Pimentel, então administrador chegou a tomar algumas medidas nesse sentido, iniciando obras de alargamento do Passeio da Copa, para o que foi necessário expropriar o imóvel do teatro da Sociedade Dramática Caldense. No entanto, por dificuldades de orçamento, as reformas pretendidas não chegaram a ter lugar à época.
O Jardim Romântico
O caminho de ferro chegou às Caldas em 1887, tornando imperativa a modernização do Hospital. A 3 de Janeiro de 1888 um novo administrador toma posse no Hospital Termal: o arquiteto Rodrigo Maria Berquó, que anteriormente havia trabalhado nas Caldas da Felgueira.
Com Berquó inicia-se uma nova etapa na história do Hospital Termal. Assim que tomou posse deu início ao projeto do novo Parque que propôs batizar de "D. Carlos I" em homenagem ao monarca. Este, por sua vez, autorizou-o em 20 de Novembro de 1889.
Berquó começou por solicitar uma verba do orçamento de 1888-1889 para proceder à transformação das vinhas existentes junto do Passeio da Copa, num parque arbóreo com um grande lago central. Complementarmente destacou a necessidade de se estabelecer diferentes jogos - ténis, croquet, bola, tiro à pistola, música no coreto e passeios de barco no lago ou de bicicleta nas alamedas -, que tornariam a localidade num espaço mais aprazível, com maior capacidade de atração de público.
A partir de então, a ação de Berquó em relação ao novo Parque desenvolveu-se segundo três eixos: o seu alargamento, a construção de um lago artificial, a vedação e o policiamento.
Para esse fim, foi necessário utilizar não apenas o terreno de cultivo do próprio Hospital, mas também expropriar terrenos originalmente destinados a uma urbanização, o que causou polémica à época. Berquó sustentou que esses terrenos eram indispensáveis para a construção do Parque e, entre os argumentos contra a construção da urbanização, incluiu relatórios dos médico do hospital.
O lago artificial constituía-se em elemento inovador: em 1891 já havia sido escavado no local escolhido, iniciando-se o seu revestimento. A formação do mesmo implicou no problema do seu abastecimento. O projeto inicial de alimentá-lo com a água termal que sobrasse das aplicações mostrou-se insuficiente, sendo necessária a aprovação de um orçamento suplementar para aquisição de tubos de ferro fundido para conduzir a água do depósito da Mata Rainha D. Leonor para o estabelecimento balnear e o Parque.
O parque de Berquó definia-se como uma paisagem do Romântico, então em moda na Europa, que valorizava o sentimentalismo e o naturalismo.
Berquó promoveu ainda obras no Clube, fazendo erguer um Salão de Festas, uma Sala de Baile e o "Céu de Vidro".
Em Junho de 1892 as obras do Parque, concluídas, foram inauguradas. Estimam-se que, nesse período, tenham sido empregados cerca de 2000 trabalhadores.
O século XX
Com a morte de Berquó, tomou posse o Dr. Filipe de Andrada Rebelo, que não deu continuidade à obra de seu antecessor. O advento do século XX, cuja primeira metade foi marcada por duas guerras mundiais no plano internacional e pela Proclamação da República no plano interno, fez com que o Parque caísse em relativo abandono, apesar de intervenções pontuais nas décadas de 1930 e de 1940. Desse modo, em 1935 o então administrador Dr. Mário Rocha, determinou substituir algumas árvores envelhecidas e em más condições, e, na segunda metade da década de 1940, era discutida a necessidade de melhorias e embelezamento do parque, embora a escassez de verbas se fizesse sentir.
O parque viria a ser remodelado em 1948, com projeto paisagístico da autoria de Francisco Caldeira Cabral, tendo as obras se prolongado até 1951. O novo projeto retomou as formas mais regulares, o arrelvamento de espaços baldios, o cultivo de sebes de flores variadas e coloridas, a plantação de novas árvores e caracterizou-se pelo emprego de contraste sombra/luz e de tanques e fontes embelezadas com azulejos e bicas de cantaria. O Hospital passou a contar com uma estufa de flores própria, onde podia preservar as já existentes ou desenvolver novas espécies. O sucesso é atestado já em 1950, quando a imprensa local elogia os melhoramentos até então efetuados. O projecto compreendia ainda o alargamento do Museu de José Malhoa e a construção de um Restaurante-Bar, para substituir a esplanada, assim como a reparação do ringue de patinagem cujo pavimento então pedia cuidados.
Para além das árvores seculares, o parque conta hoje com equipamento recreativo e infraestruturas onde destacam-se o lago com barcos, o coreto, o restaurante-bar com esplanada, o parque de merendas e o campo de ténis. Do ponto de vista cultural, destacam-se o Museu de José Malhoa inaugurado em 1934, na "Casa dos Barcos e as numerosas esculturas distribuídas pela área do parque.
FONTE WIKIPÉDIA