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CONDE DE BOBADELA

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Gomes Freire de Andrade, 1.º Conde de Bobadela

António Gomes Freire de Andrade foi um nobre militar e administrador colonial português. Foi feito primeiro conde de Bobadela por carta de 20 de dezembro de 1758.

Filho de Bernardino Freire de Andrade e de D. Joana Vicência de Meneses, foi moço fidalgo com exercício, acrescentado a fidalgo escudeiro, do Conselho do rei D. João V de Portugal e do rei D. José I de Portugal.

Foi governador e capitão-general do Rio de Janeiro durante trinta anos, entre 1733 e 1763.

Estudou no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, período em que assentou praça, progredindo na carreira militar durante a Guerra de Sucessão da Espanha. Diz "Nobreza de Portugal", tomo II, página 420: "Sendo estudante em Coimbra, assentou praça e de tal forma se houve na Guerra de Sucessão da Espanha que conquistou alto posto." Provido de comando superior, terminada a campanha, teve o encargo de comissões importantes e, em 1733 foi nomeado Capitão-general da Capitania do Rio de Janeiro, tomando posse do cargo em 26 de julho.

Comissário e primeiro plenipotenciário de Portugal nas conferências sobre os limites da fronteira ou parte meridional do Estado do Brasil com as colônias espanholas da América do Sul, que alcançava desde Castilhos Grandes até a foz do rio Jaurú. General da Divisão portuguesa e depois comandante em chefe das tropas auxiliares de Espanha e Portugal que foram ao Rio Grande do Sul e ao Uruguai, Buenos Aires e Colônia do Sacramento, sujeitar os índios rebeldes instigados contra o domínio português e espanhol, pelo predomínio dos jesuítas, apoiados na influência do governo inglês, que desde 1740 perscrutava a maneira de assentar o domínio da Inglaterra no rio da Prata, dominar toda a América do Sul e acabar para Portugal o domínio do Estado do Brasil.

Em 1735 recebeu o encargo de administrar também as Minas Gerais, e em 1748, havendo aumentado a população de Goiás, Cuiabá e Mato Grosso, incumbido de administrar as duas novas capitanias que se fundaram. Assim, enviado ao Brasil para ser governador da Capitania do Rio de Janeiro, acumulando sob seu comando os territórios de Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso e sul do Brasil.

No Rio de Janeiro, junto ao sargento-mor José Fernandes Pinto Alpoim, realizou obras como o Aqueduto da Carioca, a Casa dos Governadores terminada em 1743, e o chafariz ou fonte pública da praça do Carmo. Incentivou também a construção de importantes obras religiosas, como o Convento de Santa Teresa e o Convento da Ajuda demolido. Permitiu a abertura da primeira tipografia da colônia, criada no Rio de Janeiro em 1747 por Antônio Isidoro da Fonseca, mas que teve de ser fechada por ordem do governo português. Incentivou a cultura também pela criação de academias de intelectuais: a Academia dos Felizes 1736 e a Academia dos Seletos 1752, ainda que nenhuma teve vida longa.

Depois da atuação notável como governador, uma vez denunciadas ao governador em 1744 pelo guarda-mor J. R. Froes as riquezas do distrito diamantino de Paracatu, cuidou logo de explorar os terrenos. Agiu para o aproveitamento das minas de Paracatu, recém descobertas, esforçando-se para tentar acabar com a falta de controle da circulação do ouro e a desorganização da coleta dos quintos. Reprimiu o contrabando, articulado a partir do Rio, estabeleceu um sistema de taxas sobre o ouro de Minas, determinou a imposição de um contrato sobre os diamantes do Tijuco, distrito que Portugal mantinha rigorosamente fechado, supervisionou a renovação urbana do Ribeirão do Carmo rebatizada Cidade Mariana em homenagem à Rainha D. Maria Ana de Áustria. Atuou intensamente em favor da cultura e instrução na colônia.

Em decorrência do Tratado de Madrid 1750, o governador deslocou-se em 1752 junto com Fernandes Alpoim à região sul para delimitar as fronteiras com as colônias espanholas. Comandou as tropas luso-espanholas que venceram os índios guaranis durante a Guerra Guaranítica 1754-1756, em que lutou contra o líder guarani Sepé Tiaraju.

Ao mesmo tempo que prestava atenção aos interesses materiais do país sujeito a seu dominio, atendia à instrução e ao amor pela literatura, empregando os meios possíveis para o seu desenvolvimento. A ele se deve o estabelecimento da oficina tipografica do Rio, de que foi proprietário Antônio Isidoro da Fonseca. A tipografia durou pouco, porque a iniciativa desagradou ao governo da metrópole, temeroso da demasiada ilustração dos colonos, que censurou muito que o capitão general concedesse autorização para que se fundasse e ainda não satisfeito com a censura, ordenou que se fechasse.

Os primeiros escritos impressos foram:

« Relação da entrada que fez o exmo e revmo senhor Dom Frei Antônio do Desterro Malheiros, bispo do Rio de Janeiro, em 1.º do ano de 1747, havendo sido seis anos bispo de Angola, d'onde por nomeação de Sua Majestade e bula pontificia foi promovido para esta diocese», composta pelo doutor Luís Antônio Rousado da Cunha, juiz de fora, etc.

«Em aplauso do exmo e revmo sr D. Frei Antônio do Desterro Malheiros, dignissimo bispo d'esta cidade», romance heróico in folio;

«Coleção de 11 epigramas e 1 soneto, aqueles em latim, êste em português, sobre idêntico assunto.»

Tais composições não têm grande valor, porém são muito apreciadas no Brasil por serem os primeiros trabalhos tipográficos no Rio de Janeiro.

Foi ainda durante seu governo que se fundaram duas academias, a dos Felizes e a dos Seletos. Auxiliava os que se dedicavam ao estudo e entre os muitos que mandou educar no seminário de São José esteve José Basílio da Gama que, depois de concluir sua educação à Europa, reconhecido à sua memoria, escreveu o poema «Uruguai» ou «O Uraguai», cujo herói é Gomes Freire, publicado em Lisboa em 1769.

Como militar se distinguiu na guerra do Rio Grande do Sul contra os índios, de 1750 em diante, derrotando em menos de seis meses os inimigos que os jesuítas dirigiam ocultamente.

Depois do Pacto de Família, Portugal declarou guerra à Espanha, de que resultou D. Pedro de Cevallos tomar a cidade do Sacramento, que arrasou e à qual nunca chegaram socorros do Rio de Janeiro. Diz-se que este fato lhe causou tão poderosa impressão que recebeu a notícia em dezembro de 1762 e adoeceu gravemente, morrendo em 1 de janeiro seguinte. Está sepultado na capela do convento de Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Deixou em testamento um valiosíssimo morgado em favor do irmão, José Antonio Freire de Andrade, pois não se casou nem teve filhos.

 Título e descendência

Graças a seus serviços à Coroa, D. José I rei de 1750 a 1777 concedeu-lhe em 1758 o título de conde de Bobadela. O título foi herdado por seu irmão, José António Freire de Andrade, que o transmitiu a seus descendentes. O 3.º conde de Bobadela foi Gomes Freire de Andrade e o 4.º e último titular D. Nuno Manuel 289828.

No testamento, confirmou a instituição de morgado que por escritura de 13 de março de 1761 fizera nas Notas do Tabelião do Rio, Salvador Antônio Velasco, em favor do irmão José Antônio, em bens no valor d 88:066$400, que deveria ser ainda aumentado por ocasião de seu falecimento, pelo modo que determinara, e foi aprovado e confirmado por provisão do Desembargo do Paço em 21 de julho de 1778.

Por proposta do senado da câmara do Rio, fora ordenado em aviso de 13 de agosto de 1760 que o retrato do conde fôsse colocado na sala do referido senado.

FONTE WIKIPÉDIA

 

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