- CASTELOS E FORTALEZAS
- LUIS DE CAMÕES
- HISTÓRIA DA PESCA
- HISTORIADORES
- CATASTROFES
- PINT PORTUGUESES
- CASTELOS PORTUGAL
- CASTELO BRANCO
- CASTRO MARIM
- CASTELO MONSANTO
- CAST.DE ARRAIOLOS
- CASTELO DE ÁLCÁCER
- SANTIAGO DO CACÉM
- CASTELO DE OURÉM
- CASTELO DO SABUGAL
- CASTELO DE LAMEGO
- CASTELO ABRANTES
- CASTELO DE SILVES
- CASTELO DE MERTOLA
- CASTELO DE CHAVES
- CAST DE PORTALEGRE
- CASTELO DE POMBAL
- CAST DE BRAGANÇA
- CASTELO DE BELMONTE
- VILA DA FEIRA
- CASTELO DE ESTREMOZ
- CASTELO DE BEJA
- CASTELO ALMOUROL
- CAST.MONT. O VELHO
- CASTELO DE PENELA
- CASTELO DE MARVÃO
- CASTELO DE ÓBIDOS
- CASTELO DE LEIRIA
- CASTELO DE S.JORGE
- CASTELO DOS MOUROS
- CASTELO DE ELVAS
- CASTELO DE LAGOS
- CASTELO DE VIDE
- CASTELO DE SORTELHA
- CASTELO DE ALTER
- TORRES NOVAS
- CASTELO DE TAVIRA
- CASTELO SESIMBRA
- CASTELO DE ÉVORA
- CASTELO DE SANTARÉM
- CASTELO DE SERPA
- CASTELO DE TOMAR
- CASTELO DE MELGAÇO
- CASTELO DE COIMBRA
- CASTELO PORTO DE MÓS
- CASTELO DE PALMELA
- FORTALEZAS
- PRAÇA FORTE ALMEIDA
- FORTE STA CRUZ
- MURALHAS DO PORTO
- FORTE DAS FORMIGAS
- FORTE S.SEBASTIÃO
- FORTE S LOURENÇO
- FORTE DE SÃO FILIPE
- S.JULIÃO DA BARRA
- TORRE DE BELÉM
- FORTE DE PENICHE
- FORTE SÃO JOÃO DA FOZ
- FORTE DO QUEIJO
- SÃO TIAGO DA BARRA
- FORTE SÃO JOSÉ
- F.DE JUROMENHA
- FORTE DO OUTÃO
- FORTE DE SÃO BRÁS
- FORTE DO BUGIO
- MURALHAS DE VISEU
- FORTALEZA DE SAGRES
- FORTE DA GRAÇA
- FORTE MIGUEL ARCANJO
- FORTE SENH.DA GUIA
- FORTE DO PESSEGUEIRO
- FORTE DE SACAVÉM
- STO.ANTONIO BARRA
- SÃO TIAGO DO FUNCHAL
- FORTALEZA DO ILHÉU
- FORTE DAS MERCÊS
- REDUTO DA ALFANDEGA
- FORTE DE STA LUZIA
- PORTUGAL
- REINO DE PORTUGAL
- CRISE SUCESSÓRIA
- DINASTIA DE AVIZ
- DINASTIA FILIPINA
- QUESTÃO DINASTICA
- DINASTIA BORGONHA
- DINASTIA BRAGANÇA
- REINO DE LEÃO
- UNIÃO IBÉRICA
- COND PORTUCALENSE
- DITADURA MILITAR
- HISTÓRIA PORTUGAL
- INVASÃO ROMANA
- C.CONSTITUCIONAL
- REINO DO ALGARVE
- RECONQUISTA
- HIST.PENINS.IBÉRICA
- GUERRA COLONIAL
- HISPANIA
- HENRIQUE DE BORGONHA
- COMBOIOS DE PORTUGAL
- PALÁCIOS DE PORTUGAL
- REIS DE PORTUGAL
- D.AFONSO HENRIQUES
- D.SANCHO I
- D AFONSO II
- D.SANCHO II
- D.AFONSO III
- D.DINIS
- D.AFONSO IV
- D.PEDRO I
- D.FERNANDO
- D.JOÃO I
- D.DUARTE
- D.AFONSO V
- D.JOÃO II
- D.MANUEL I
- D.JOÃO III
- D.SEBASTIÃO
- D. HENRIQUE I
- D.FILIPE I
- D.FILIPE II
- D.FILIPE III
- D.JOÃO IV
- D.AFONSO VI
- D JOÃO V
- D.PEDRO II
- D.JOSÉ I
- D.MARIA I
- D.PEDRO III
- D.JOÃO VI
- D.PEDRO I DO BRASIL
- D.MARIA II
- D MIGUEL I
- D.PEDROV
- D.LUIS I
- D.CARLOS I
- D.MANUEL II
- DITADURA E OPOSIÇÃO
- PIDE
- OPOSIÇÃO Á DITADURA
- ROLÃO PRETO
- CAMPO DO TARRAFAL
- CAPELA DO RATO
- REVOL.DOS CRAVOS
- CADEIA DO ALJUBE
- REVIRALHISMO
- COMUNISMO
- CENS.EM PORTUGAL
- O ESTADO NOVO
- INTEGRALISMO
- CATARINA EUFÉMIA
- ALVARO CUNHAL
- FRANCISCO RODRIGUES
- PADRE ALBERTO NETO
- HENRIQUE GALVÃO
- MOVIMENTO SINDICALISTA
- O P.R.E.C EM CURSO
- 6 DE JUNHO DE 1975
- FILOS PORTUGUESES
- MOST. DE PORTUGAL
- NAV.E EXPLORADORES
- ESCRIT.E POETAS
- CESÁRIO VERDE
- TOMÁS GONZAGA
- ALVES REDOL
- LOPES DE MENDONÇA
- EÇA DE QUEIRÓS
- AFONSO L VIEIRA
- JOÃO DE DEUS
- FLORBELA ESPANCA
- MIGUEL TORGA
- BOCAGE
- FERNANDO NAMORA
- GIL VICENTE
- VITORINO NEMÉSIO
- FRANCISCO LEITÃO
- MIGUEL L ANDRADA
- FRANCISCO MELO
- FELICIANO CASTILHO
- CAMILO C. BRANCO
- IRENE LISBOA
- JORGE DE SENA
- ANTERO DE QUENTAL
- SOFIA MELO BREYNER
- ALMEIDA GARRET
- GUERRA JUNQUEIRO
- TIÓFILO BRAGA
- PINHEIRO CHAGAS
- FRANCISCO DE MIRANDA
- ALBERTO CAEIRO
- JOSÉ REGIO
- DESCOBRIMENTOS
- IGREJAS E CONVENTOS
- ACONTECIM.E LENDAS
- ORDENS RELIGIOSAS
- ORIG.PORTUGUESAS
- HISTÓRIAS MILITARES
- HIST M DE PORTUGAL
- H.MILITAR DO BRASIL
- BATALHA DE OURIQUE
- BATALHA DE TOLOSA
- CERCO DE LISBOA
- BATALHA VILA FRANCA
- GUERRA LARANJAS
- BATALHA SALADO
- CERCO DE ALMEIDA
- CORTES DE COIMBRA
- MONARQUIA DO NORTE
- HISTÓRIA MILITAR
- BATALHA DO SABUGAL
- BATALHA FUENTE ONORO
- BATALHA DE ALBUERA
- GUERRA RESTAURAÇÃO
- BATALHA DOS ATOLEIROS
- BATALHA DE MATAPÃO
- GUERRAS FERNANDINAS
- COMBATE DO CÔA
- VINHOS DE PORTUGAL
- HISTÓRIA DE CIDADES
- ARTE EM PORTUGAL
- PORTUGAL NO MUNDO
- RIOS E PONTES
- PORTUGUESES NOBRES
- PRÉ HISTÓRIA
- CULTURA VARIADA
- LITERAT PORTUGUESA
- MONARQUIA
- MARTIN MONIZ
- SALINAS DE RIO MAIOR
- HOSPIT.DONA LEONOR
- PINTURAS PORTUGAL
- AVIAD.DE PORTUGAL
- ALDEIAS HISTÓRICAS
- AZULEJO PORTUGUÊS
- RENASC EM PORTUGAL
- AQUED ÁGUAS LIVRES
- LINGUA PORTUGUESA
- MONTANHA DO PICO
- APARIÇÕES DE FÁTIMA
- GUILHERMINA SUGIA
- MILAGRE DO SOL
- ESTAÇÃO DE SÃO BENTO
- PANTEÃO DOS BRAGANÇAS
- SANTOS E BEATOS
- GOVERNAD DA INDIA
- FADOS E TOIROS
- POESIA E PROSA
- RAINHAS DE PORTUGAL
- ESTEFANIA JOSEFA
- MARIA LEOPOLDINA
- CARLOTA JOAQUINA
- MARIA FRANC SABOIA
- LEONOR TELES
- JOANA TRASTÂMARA
- MÉCIA LOPES DE HARO
- AMÉLIA DE ORLEÃES
- LEONOR DE AVIZ
- AMÉLIA AUGUSTA
- MARIA PIA DE SABOIA
- LUISA DE GUSMÃO
- BEATRIS DE PORTUGAL
- INÊS DE CASTRO
- MARIA VITÓRIA
- LEONOR DA AUSTRIA
- TERESA DE LEÃO
- RAINHA SANTA ISABEL
- FILIPA DE LENCASTRE
- MARIA ANA DE AUSTRIA
- MARIA SOFIA ISABEL
- SETIMA ARTE
- CURIOSIDADES
- OFICIAIS SUPERIORES
- PERS.DE PORTUGAL
- UNIVERSI. COIMBRA
- CONSELHEIROS REINO
- NOV.ACONTECIMENTOS
- REGENERAÇÃO
- REGICIDIO
- REVOL.28 DE MAIO
- CONSTITUIÇÃO
- INVAS NAPOLEÓNICAS
- CONV DE ÉVORAMONTE
- GUERRA CIVIL PORT.
- INTERREGNO
- COMBATE FOZ AROUCE
- ALCÁCER QUIBIR
- SUCESSÃO CASTELA
- CEUTA E DIU
- BATALHA DE ALVALADE
- BATALHA DE ROLIÇA
- BATALHA DO VIMEIRO
- BATALHA DO PORTO
- BATALHA DO BUÇACO
- CERCO DO PORTO
- BATALHA DE ALMOSTER
- GUERRA DOS CEM ANOS
- GUNGUNHANA
- OCUPAÇÃO FRANCESA
- PORTUGAL RECONQUISTA
- ÁFRICA
- RECONQ DE ANGOLA
- G LUSO-HOLANDESA
- REC.COLÓNAS PORT.
- HISTÓRIA DE ANGOLA
- GUERRA DE ANGOLA
- GUERRA MOÇAMBIQUE
- MOÇAMBIQUE
- HIST GUINÉ BISSAU
- CABO VERDE
- S.TOMÉ E PRINCIPE
- SÃO JORGE DA MINA
- FORTE DE MAPUTO
- PROVINCIA CABINDA
- GUINÉ BISSAU
- ANGOLA
- CAMI DE F BENGUELA
- ILHA DE MOÇAMBIQUE
- ALCACER -CEGUER
- ARZILA-MARROCOS
- AZAMOR
- BATALHA NAVAL GUINÉ
- CONQUISTA DE CEUTA
- CULTURA BRASILEIRA
- HISTÓRIA DO BRASIL
- PROCLA.DA REPÚBLICA
- INCONFID.MINEIRA
- REPUBLICA VELHA
- NOVA REPÚBLICA
- ERA VARGAS
- GUERRA DO PARAGUAI
- REVOLTA DA CHIBATA
- BANDEIRANTES
- GUER DOS EMBOABAS
- FLORIANO PEIXOTO
- FORÇA BRASILEIRA
- GUERRA DO PRATA
- REV.FILIPE SANTOS
- REVOL. FEDERALISTA
- CONFED.DO EQUADOR
- INTENT.COMUNISTA
- GUERRA CONTESTADO
- ORIGEM NOME BRASIL
- LUIS MARIA FILIPE
- HISTÓRIA DE FORTALEZA
- HISTÓRIA DO BRASIL I
- HISTÓRIA DO BRASIL II
- HISTÓRIA DO BRASIL III
- ISABEL DO BRASIL
- PEDRO II
- BRASIL E ALGARVES
- BRASIL COLONIA
- TRANSFER. DA CORTE
- HISTÓRIA CABRALINA
- IMIG PORT NO BRASIL
- QUESTÃO DINÁSTICA
- CAPITANIAS DO BRASIL
- GUE.INDEPENDENCIA
- MALD BRAGANÇAS
- INDEPEND DO BRASIL
- CONDE DE BOBADELA
- ABOLICIONISMO
- PEDRO AUGUSTO SAXE
- AUGUSTO LEOPOLDO
- PERIODIZAÇÃO BRASIL
- HISTÓRIA MINAS GERAIS
- HISTÓRIA RIO JANEIRO
- HISTÓRIA DO BRASIL IV
- VULCÃO DE IGUAÇU
- CRISTO REDENTOR
- HISTÓRIA EDUCAÇÃO
- QUINTA DA BOAVISTA
- OURO PRETO
- PAÇO IMPERIAL
- COLONIZ. DO BRASIL
- AQUEDUTO CARIOCA
- B.JESUS MATOSINHOS
- ALEIJADINHO
- IGRJ SÃO FRANCISCO
- CICLO DO OURO
- TIRADENTES
- REPUBLICA DA ESPADA
- ESTADO DO BRASIL
- BRASIL DIT. MILITAR
- HIST.ECON.DO BRASIL
- INVASÕES FRANCESAS
- BRASIL ESCRIT E POETAS
- ANDRÉ JOÃO ANTONIL
- JORGE AMADO
- CAMILO LIMA
- LIMA BARRETO
- JOSÉ BONIFÁCIO
- ALPHONSUS GUIMARAENS
- ÁLVARES DE AZEVEDO
- MARTINS PENA
- CLARICE LISPECTOR
- MÃE STELLA DE OXÓSSI
- LUIS GAMA
- XICO XAVIER
- MACHADO DE ASSIS
- MÁRIO DE ANDRADE
- CARLOS DRUMONDE
- MONTEIRO LOBATO
- VINICIOS DE MORAIS
- MARIANO DE OLIVEIRA
- OLAVO BILAC
- ORESTES BARBOSA
- FORTES DO BRASIL
- PERSONAG. MUNDIAIS
- MAOMÉ
- JESUS CRISTO
- NAP. BONAPARTE
- NICOLAU COPERNICO
- ADOLFO HITLER
- VLADIMIR LENIN
- NELSON MANDELA
- CONFÚCIO
- MOISÉS
- HOMERO
- FRANCISCO PIZARRO
- JÚLIO CESAR
- ARISTOTELES
- EUCLIDES
- IMP. JUSTINIANO
- ISABEL I INGLATERRA
- PAULO DE TARSO
- CESAR AUGUSTO
- ALEXANDRE O GRANDE
- THOMAS EDISON
- PAPA URBANO II
- MICHELANGELO
- SALOMÃO
- S.JOSÉ CARPINTEIRO
- PLATÃO
- MARIA MÃE DE JESUS
- CARLOS MAGNO
- EVA PERON
- MARTINHO LUTERO
- PINTOR EL GRECO
- Mahatma Gandhi
- PANDORA
- CHARLES DARWIN
- ZARATUSTRA
- CIENCIA E CIENTISTAS
- MUNDO CULTURAL
- CULTURA DE PORTUGAL
- CULTURA DA ALEMANHA
- CULTURA DA GRÉCIA
- CULTURA DO BRASIL
- CULTURA DA CHINA
- CULTURA ANGOLANA
- CULTURA DA FRANÇA
- CULTURA DA RUSSIA
- CULTURA DA ESPANHA
- CULTURA DA ITÁLIA
- CULTURA INGLESA
- CULTURA AMERICANA
- CULTURA DA INDIA
- CULTURA DO IRÃO
- CULTURA DE MACAU
- CULTURA DE ISRAEL
- CULTURA DA INDONÉSIA
- HISTÓRIA DAS ARTES
- MÚSICOS E CANTORES
- SANTA INQUISIÇÃO
- DEIXE SEU COMENTÁRIO
- CONTACTOS
Al-Andalus
Al-Andalus foi o nome dado à península Ibérica pelos seus conquistadores islâmicos do século VIII, tendo o nome sido utilizado para se referir à península independentemente do território politicamente controlado pelas forças islâmicas.
De início integrado na província norte-africana do império omíada, o Al-Andalus seria um emirado 756–929 e posteriormente um califado independente do poder abássida 929–1031. Com a dissolução do califado em 1031, o território pulverizou-se em vários reinos Taifa.
Com a reconquista dos territórios pelos cristãos, descendentes dos godos, que se refugiaram na região das Astúrias, no norte da península, num processo que ficou designado historicamente por Reconquista, o nome Al-Andalus foi-se adequando ao cada vez menor território sob ocupação árabe-muçulmana, na metade sul da península, aproximadamente a mesma área da antiga província romana Hispânia Bética, cujas fronteiras foram progressivamente empurradas para sul, até à tomada de Granada pelos Reis Católicos.
A região ocidental da península era denominada Gharb Al-Andalus o ocidente do Al-Andalus e incluía o actual território português. De uma maneira geral, o Gharb Al-Andalus foi uma região periférica em relação à vida económica, social e cultural do Al-Andalus
Etimologia
A origem do nome Al-Andalus é incerta. O nome fez a sua primeira aparição em 716, num dinar bilingue cunhado na Península Ibérica e que se encontra hoje em dia no Museu Arqueológico Nacional em Madrid. Nessa moeda a palavra Span, em latim, corresponde a Al-Andalus, em árabe.
Segundo Reinhardt Dozy, investigador neerlandês do Islão, a palavra Al-Andalus estaria relacionada o vocábulo Vandalicia, nome que ele afirmava ter recebido a Bética romana quandos os Vândalos ali se fixaram entre 409 e 429. Esta posição foi partilhada por outros estudiosos, entre os quais Évariste Lévi-Provençal, mas nunca foi possível encontrar provas documentais que mostrem que a Bética foi alguma vez chamada de Vandalicia.
Para Heinz Halm, Al-Andalus seria uma arabização do nome dado pelos Visigodos à Bética. Quando estes se fixaram na península Ibérica, os senhores visigodos dividiram a terra conquistada em lotes, aos quais chamaram Sortes Gothica. A forma singular deste nome, Gothica sors, que era também por eles usada para se referir ao reino visigodo, tinha como seu equivalente na língua goda a forma landa-hlauts, de onde derivaria Al-Andalus.
Outra teoria, proposta por Joaquín Vallvé Bermejo, procura relacionar Al-Andalus com a Atlântida, a famosa lenda relatada por Platão que alude à existência de uma ilha para lá das Colunas de Hércules o Estreito de Gibraltar e que teria penetrado no mundo árabe. De acordo com este autor, a expressão árabe Jazirat al-Andalus (a ilha do Al-Andalus), que surge nos textos dos autores árabes, deve ser interpretada como uma tradução de "ilha do Atlântico" ou "Atlântida".
conquista territorial
Desde os finais do século VII que os árabes atacavam as costas do sul da península Ibérica
O conde D. Julião, governador visigodo de Ceuta, convida os muçulmanos a desembarcar na península, como forma de retaliação pelo facto da sua filha ter sido raptada pelo rei visigodo Rodrigo. Em julho de 710 o conde proporciona quatro barcas para que os muçulmanos desembarquem em Tarifa, num acto que serviria para a exploração do terreno.
Em abril ou maio de 711, Tariq ibn Ziyad, um antigo escravo que se tinha tornado lugar-tenente do governador da Ifriqiya uma província do império dos Omíadas, que corresponde à Tunísia, Musa Ibn Nusayr, atravessa o estreito que separa a África da Península Ibérica, e que a partir de então receberia o seu nome Gibraltar, de Jabal al Tariq, "a montanha de Tariq", com um exército constituído por árabes e berberes.
Esta invasão resultou não só das ambições islâmicas, mas também da resposta a um apelo lançado por uma das facções visigodas, a dos partidários de Ágila, que eram opositores do rei visigodo Rodrigo.
Em julho do mesmo ano, o exército islâmico trava uma batalha decisiva com as tropas do rei Rodrigo num local tradicionalmente identificado pela historiografia como o rio Guadalete Batalha de Guadalete, mas que alguns investigadores consideram ter ocorrido junto ao rio Barbate, e que saldaria na vitória das forças muçulmanas. O rei Rodrigo desapareceu em combate; uma tradição cristã afirma que ele teria sido sepultado em Viseu. Tariq continuaria o seu avanço e conquistaria Toledo, capital do reino visigodo, onde passa o Inverno de 711. Por esta altura, o governador da Ifriqiya chega à península e censura Tariq pelo acto da conquista. O califa omíada de Damasco, al-Walid, nada sabia sobre esta invasão.
A chegada dos árabes e dos berberes foi saudada pelos judeus, que tinham sido perseguidos nas últimas décadas do reino visigodo. As determinações de sucessivos concílios da Igreja peninsular tinham contribuído para a discriminação deste segmento populacional: o III Concílio de Toledo determinou o baptismo forçado de crianças filhas de casamentos entre judeus e cristãos; o XVI proibiu os judeus de praticarem o comércio com cristãos, o que provocou a ruína de muitas famílias, e o XVII condenou-os à escravatura sob o pretexto de conspirarem, junto com os judeus do norte de África, para a queda do reino visigodo. Muitos judeus abriram as portas das cidades para facilitarem o avanço das tropas islâmicas e ofereceram-se como guardas das cidades ao serviço dos novos senhores.
A conquista islâmica da península seria efectuada num período de cinco anos por Tariq, Musa e Abd al-Aziz filho de Musa. O território que corresponde ao que é hoje Portugal foi atingido pela expedição de Abd al-Aziz entre 714 e 716. Em 718 ocorreu a Batalha de Covadonga, durante a qual um grupo de cristãos refugiados nas Astúrias, liderados por Pelágio, derrotou os muçulmanos, o que os forçou a se retirarem da região cantábrica. As forças islâmicas levam a cabo várias expedições contra a Gália, mas são detidos em 732 em Poitiers pelo rei Carlos Martel. Até 756 o Al-Andalus teve vinte governadores dependentes de Damasco, tendo em Sevilha, e mais tarde em Córdova, a sua capital.
Emirado de Córdova
A queda dos Omíadas em Damasco e a tomada do poder pelos Abássidas em 750 teriam repercussões políticas no Al-Andalus. O único sobrevivente do massacre da família omíada, o príncipe Abd ar-Rahman, chega à península em 756 e instala-se em Córdova, onde toma o título de emir, declarando-se independente do califado dos Abássidas. Ele dará início a uma dinastia que governa o Al-Andalus até 1031.
Abd ar-Rahman I teve que lidar com as ambições territoriais do franco Carlos Magno, cujo exército, ao deixar a península em 778, acabaria por sofrer um ataque dos bascos na região dos Pirenéus, episódio imortalizado e La chanson de Roland.
O emirado de Córdova seria um importante centro cultural, que manteve relações diplomáticas com os reinos cristãos, até mesmo com o Império Bizantino.
O emirado teve que conviver desde o início com revoltas internas das tribos árabes e berberes, bem como dos moçárabes. Uma dessas revoltas ocorreu no território ocidental, onde o chefe da tribo dos Yahsubis revolta-se contra o poder do emir, declarando-se a favor dos Abássidas de Bagdade. As revoltas contra o poder central de Córdova atingem o seu auge no último quartel do século IX.
Califado de Córdova
Em 929 o emir Abd al-Rahman III declarou-se califa, título que lhe conferia independência não só política, mas também religiosa em relação aos Abássidas. Esta sua acção foi motivada pelo aparecimento dos Fatímidas no Norte de África, que eram seguidores do Islão Xiita, assumindo-se Abd al-Rahman como guardião da ortodoxia sunita. Abd al-Rahman pacificou o sul e o levante peninsular, onde tinham surgido vários movimentos independentistas. O seu sucessor, al-Hakam II, governou durante um período de paz.
O terceiro califa de Córdova, Hisham II, foi eclipsado durante a sua menoridade por Muhammad Ibn Abi Amir, mais conhecido pelo seu nome das crónicas cristãs - Almançor -, que ocupava o cargo de hajib ou prefeito do palácio. Almançor (governou entre 978-1002 concentra o poder efectivo nas suas mãos, tendo dirigido campanhas periódicas contra os cristãos; em 997 chega mesmo a destruir o santuário de Santiago de Compostela. Para além disso, estabeleceu o domínio do Al-Andalus na parte ocidental do Magrebe, através do vice-reino de Córdova.
Quando Almançor faleceu, a liderança do estado passou para o seu filho, Abd al-Malik 1002-1008, que foi por sua vez sucedido pelo seu irmão Abderramão Sanchuelo, assim conhecido por ser neto do rei de Navarra Sancho Garcés II. Este consegue que Hisham II o nomeie herdeiro em detrimento dos príncipes omíadas. O acto gera descontentamento e em Córdova estala uma revolta contra Sanchuelo.
O califado corresponde ao período de esplendor da civilização islâmica na Península Ibérica.
O período das primeiras taifas
Embora a desagregação final do califado de Córdova se tenha verificado em 1031, desde 1009 a situação política caracterizava-se pela instabilidade. Finda a hegemonia da família do primeiro-ministro Almançor, começa a anarquia, provocada pela ambição de vários protagonistas e dá-se a decomposição do califado. O Al-Andalus acabará retalhado em inúmeras unidades políticas, os reinos de taifas do árabe al-ta´ifa, "partido" ou "bandeira. Os reinos de taifas eram unidades políticas que partilhavam uma afinidade de origem étnica. Muitos deles tiveram uma existência efémera.
Os berberes estabeleceram reinos no centro e sul da península e os eslavos na costa leste. As taifas com maior extensão territorial eram as que faziam fronteira com os reinos cristãos as de Badajoz, Toledo e Saragoça, encontrando-se as mais pequenas no sul.
Aproveitando esta desordem, os cristãos apressaram o movimento da Reconquista; as rivalidades entre a taifa de Badajoz e a de Sevilla vão permitir a Fernando I de Leão e Castela conquistar Coimbra em 1064.
Período almorávida
Perante a conquista cristã da cidade de Toledo em 1085, al-Mu'tamid, rei abádida da taifa de Sevilha, pede ajuda aos Almorávidas, uma dinastia berbere que governava o norte de África. Em 1086, o emir almorávida Yusuf derrota os cristãos na Batalha de Zalaca. Para além do combate aos cristãos, os Almorávidas acabariam por subjugar os reinos de taifas entre 1090 e 1110 e integrar o Al-Andalus no seu império norte-africano.
As origens da dinastia dos Almorávidas encontram-se nos Lamtuna, uma tribo dos Berberes Sanhadja que vivia de forma nómada no Sara Ocidental entre o sul do atual Marrocos e as margens do rio Senegal e que se tinha convertido ao Islão embora superficialmente no século IX. No primeiro quarto do século XI, o pregador Abd Allah ben Yasin al-Jazuli tentou impor aos Lamtuna uma forma do Islão rigorista, baseada na estrita observância da escola malequita. Perante a rejeição destes Berberes, Yasin retirou-se com alguns adeptos para um ribat ou arrábita, um mosteiro militar situado numa ilha perto da costa da Mauritânia, de onde deriva o nome Almorávida do árabe al-murabit, “guarda de fronteira”, “eremita”. Após a morte de Yasin, emerge como líder Yussuf ibn Tachfin, verdadeiro fundador da dinastia. Com os seus guerreiros, Yussuf lança-se à conquista das regiões correspondentes aos atuais Marrocos e a Argélia ocidental, tomando Fez em 1063 e fundando a cidade de Marraquexe por volta de 1069.
O rei de Aragão Afonso I e o rei Afonso VII de Castela lançaram ataques sobre os territórios controlados pelos Almorávidas, e em 1118 Saragoça caiu na mãos do monarca aragonês. Eventualmente o poder almorávida entrará em declínio e surgirá um período dos segundos reinos de taifas, dos quais se destacam os de Córdova e Málaga.
Período almóada
O poder almorávida no norte de África seria substituído por uma nova dinastia berbere, a dos almóadas. Muhammad Ibn Tumart, um berbere que estudou em Córdova e no Médio Oriente antes de regressar ao norte de África, iniciou um movimento religioso que pretendia um retorno ao um Islão mais "puro" e contestou o poder do almorávidas junto das tribos berberes. Depois da sua morte, este movimento teve como líder Abd al-Mu'min 1130-1163, um dos seguidores de Tumart, que seria o primeiro califa almóada. Em 1145 al-Mu'min enviou um exército à Península Ibérica e após algumas batalhas os Almóadas conquistaram o Al-Andalus. A única excepção foi as ilhas Baleares, onde se refugiaram os descendentes do último governador almorávida, os Banu Ghaniya, que conservaram a independência até 1203.
O segundo califa almóada, Abu Ya'qub Yusuf, foi educado em Sevilha, onde residiu durante um período da sua vida. Nesta cidade, o califa ordenou um vasto conjunto de obras públicas, que incluiu a construção de uma grande mesquita, novos mercados e um palácio. Durante o seu governo, a parte ocidental do Al-Andalus viu-se ameaçada pelo aparecimento de um novo monarca cristão, Afonso Henriques que em 1147 conquistou Lisboa.
Os almóadas governaram a partir de Marraquexe e, à semelhança dos almorávidas, caracterizavam-se pela intolerância religiosa. Apesar disso, o poder almóada contribuiu para o desenvolvimento económico do Al-Andalus.
O avanço dos Almóadas foi travado em 1212 na batalha de Navas de Tolosa, onde o exército português combateu ao lado de Leão, Castela, Aragão e Navarra. Em 1228 estala em Múrcia uma revolta contra os almóadas que se espalha por todo o Al-Andalus. O Al-Andalus entra então num terceiro e breve período de reinos de taifas. Em Múrcia, Muhammed Ibn Yusuf funda uma dinastia que governa entre 1228 e 1266. Os reinos cristãos aproveitam a instabilidade para prosseguirem com a Reconquista: em 1236 conquistam Córdova, em 1248 Sevilha e em 1249 o rei português Afonso III conquista o Algarve Al-Gharb.
A dinastia Nasrida de Granada
Perante o avanço cristão sobre o sul da Península Ibérica no século XIII, o rei Muhammad I ibn al-Ahmar de Jaén, optou por declarar-se vassalo do rei de Castela e ajudou-o na luta contra outros muçulmanos. Fixando-se em Granada, inicia a dinastia dos Nasridas, que seria o último reduto do poder islâmico na península durante os próximos dois séculos e meio. Os sultões da dinastia nasrida oscilaram entre a subserviência aos castelhanos e aos Merínidas do norte de África.
Granada tornou-se um importante centro urbano, recebendo muçulmanos refugiados de outros pontos da península. Um dos grandes legados arquitectónicos desta dinastia foi a construção do palácio da Alhambra.
Em 1491 o último rei nasrida, Abu Abd Allah Boabdil, capitulou perante os Reis Católicos, Fernando e Isabel. No ano seguinte o reino de Granada seria integrado na Espanha. As famílias muçulmanas de posição social mais elevada deixaram a península, fixando residência no norte de África. Os muçulmanos que permaneceram foram obrigados em 1502 a converter-se ao cristianismo ou então teriam de abandonar o país. Por sua vez, os muçulmanos que se tinham convertido à fé cristã os mouriscos foram acusados de seguir o islão secretamente, tendo sido expulsos da Espanha entre 1609 e 1614.
Sociedade e demografia. Aspectos da vida quotidiana
A população do Al-Andalus era muito heterogénea e constituída por árabes e berberes uns e outros muçulmanos, moçárabes são os hispano-godos que, sob o domínio muçulmano conservaram a religião cristã de rito-moçárabe, mas adoptaram as formas de vida exterior dos muçulmanos, e judeus. Para além destes existia outro grupo, os muladis, que eram os cristãos que se tinham convertido ao islamismo.
Os moçárabes e os judeus tinham liberdade de culto, mas em troca dessa liberdade eram obrigados ao pagamento de dois tributos: o imposto pessoal de capitação gízia, e o imposto predial sobre o rendimento das terras carage. Estes dois grupos tinham autoridades próprias, gozavam de liberdade de circulação e podiam ser julgados de acordo com o seu direito.
Moçárabes e judeus estavam sujeitos às seguintes restrições:
não podiam exercer cargos políticos;
os homens não podiam casar com uma muçulmana;
não podiam ter serviçais muçulmanos ou enterrar os seus mortos com ostentação;
deviam habitar em bairros separados dos muçulmanos;
estavam obrigados a dar hospitalidade ao muçulmano que necessitasse, sem receber remuneração.
As cidades de Toledo, Mérida, Coimbra e Lisboa eram importantes centros moçárabes da península. Em Toledo os moçárabes chegaram a encabeçar uma revolta contra o domínio árabe.
Poucos anos depois da invasão muçulmana, os cristãos hispano-godos e lusitano-suevos acantonados nas serranias do Norte e Noroeste da Península, iniciaram a reconquista do território, formando novos reinos que se foram estendendo sucessivamente para o sul. Alguns moçárabes migraram para os reinos cristãos do norte, tendo difundido neles elementos da cultura moçárabe ao nível arquitectónico, onomástico e toponímico.
Os judeus dedicavam-se ao comércio e à recolha dos impostos; foram também médicos, embaixadores e tesoureiros. Hasdai Ibn Shaprut 915-970, um judeu, foi um dos homens de confiança do califa Abd ar-Rahman III de córdova.
É muito difícil calcular um valor para a população do Al-Andalus durante o período de maior extensão do domínio islâmico século X, mas tem sido sugerido um valor próximo dos 10 milhões de habitantes.
Os árabes estabeleceram-se nas terras mais férteis, ou seja, no sul, no levante e no vale do rio Ebro. Quanto aos berberes, estes ocupariam as áreas de relevo mais montanhoso, como as serras da Meseta central e serra de Ronda, sendo também numerosos no Algarve um berbere, Said ibn Harun, daria de resto o seu nome a Faro. Depois da revolta berbere de 740, muitos regressaram ao norte de África.
Em 741 chegaram ao Al-Andalus muitos sírios com o objectivo de ajudar na repressão da revolta berbere, que acabariam por se fixar no este e sul peninsular. Há igualmente fontes que apontam para a presença de famílias iemenitas em cidades como Silves.
Importa ainda salientar a presença de dois grupos étnicos minoritários, os negros e os eslavos.
Os negros chegaram ao Al-Andalus como escravos ou como mercenários. Desempenharam funções como membros da guarda pessoal dos soberanos, enquanto que outros trabalhavam como mensageiros. As mulheres negras foram concubinas ou criadas.
Os eslavos eram de início escravos, mas muitos conseguiram progressivamente comprar a liberdade; alguns alcançaram importantes cargos na administração. Durante o período dos primeiros reinos de taifas século XI alguns eslavos formariam os seus próprios reinos.
As casas das classes mais abastadas caracterizavam-se pelo seu conforto e beleza, graças à presença de divãs, tapetes, almofadas e tapeçarias que cobriam as paredes. Nestas casas as noites eram animadas com a presença de poetas, músicos e dançarinos.
Nas zonas rurais e urbanas existiam banhos públicos hammam, que funcionavam não só como espaços de higiene, mas também de convívio. Os banhos islâmicos apresentavam uma estrutura herdada dos banhos romanos, com várias salas com piscinas de água fria, morna e quente. Neles trabalhavam massagistas, barbeiros, responsáveis pela guarda das roupas, maquilhadores, etc. A parte da manhã estava reservada aos homens e a da tarde às mulheres. Com a Reconquista cristã muitos destes banhos foram encerrados por ser entender que eram locais propícios a conspirações políticas, bem como à prática de relações sexuais.
O pão era a base da alimentação do Al-Andalus, consumindo-se também carne, peixe, legumes e frutas. Os alimentos eram cozinhados com o recurso a ervas aromáticas, como óregãos, alecrim e hortelã-pimenta esta última também usada no chá e especiarias gengibre, pimenta, cominhos.... A gordura usada era o azeite az-zait, sendo o produzido na região de Coimbra famoso. Os doces eram também apreciados, como as queijadas qayyata, o arroz doce povilhado com canela e diversos pastéis feitos com frutos secos e mel, que são ainda hoje característicos da gastronomia de certas regiões da península.
Economia
A chegada da civilização islâmica à Península Ibérica provocaria importantes transformações económicas. De uma economia essencialmente rural passou-se para uma economia marcadamente urbana.
Um dos locais mais importantes da cidade muçulmana é o suq ou mercado. Os mercados conheceriam um renascimento na península durante o período islâmico. Neles realizava-se o comércio de produtos diversos, principalmente dos produtos de metal e de outros produtos do artesanato. As oficinas e tendas do Al-Andalus, onde se produziam esses trabalhos, eram propriedade do Estado. Os principais produtos do comércio eram as sedas, o algodão, os tecidos de lã. Alguns artigos de luxo produzidos no Al-Andalus seriam exportados para a Europa cristã, para o Magrebe e mesmo para o Oriente.
A nível da agricultura, nas zonas secas do Al-Andalus surgiria o cultivo do trigo e da cevada. Semeiam-se também ervilhas, favas e grãos, que eram a base da alimentação da população. Em períodos durante os quais a produção de cereais era baixa recorria-se à importação de cereais do norte de África. Foi durante este período que o cultivo do arroz foi introduzido na Península Ibérica, bem como da beringela, da alcachofra e da cana-de-açucar.
Os pomares ocupavam uma importante área agrícola; Sintra seria mesmo cantada pelos poetas pela sua fruta, sendo famosa pelas suas pêras e maçãs. O actual Algarve destacava-se pela produção de figos e uvas. Saliente-se ainda o interesse pela produção do mel. Embora o seu consumo seja interdito pelo islão, o vinho terá sido produzido e consumido no Al-Andalus em grandes quantidades, pelo menos até ao período dos Almóadas, que reprimiram o seu consumo.
A criação de gado era também uma prática comum, em particular de gado bovino e caprino. Os animais de capoeira como os coelhos e as galinhas eram muito apreciados na alimentação.
Os muçulmanos cruzaram os sistemas hidráulicos dos Romanos com os dos Visigodos e com as técnicas que traziam do Oriente. Ao longo dos rios constroem moinhos de água, as azenhas saniya. Para retirarem a água dos poços introduzem a nora e a cegonha ou picota.
A abundante madeira das florestas era usada para o fabrico de peças de mobiliário e para a construção naval. Em Alcácer do Sal esta actividade era intensa devido à existência de bosques nas proximidades.
A pesca e a extracção do sal eram propiciadas pela existência de uma considerável linha costeira. As espécies mais capturadas eram a sardinha e o atum, utilizando-se para a captura deste último um tipo de rede própria, denominada almadrava.
Durante este período continua a exploração das jazidas de minérios da Península, que já vinha desde o tempo dos Romanos. O ouro era extraído dos arenitos de alguns rios, como o Tejo. A prata poderia ser encontrada em jazidas em Múrcia, Beja, e Córdova.
O legado artístico e arquitectónico
As primeiras manifestações artísticas e arquitectónicas islâmicas no Al-Andalus continuam as tradições do período hispano-godo e fundem-nas com as tradições bizantinas e persas trazidas do Oriente. A presença visigoda pode ser vista, por exemplo, no uso do arco em ferradura, que contudo apresenta-se mais fechado.
Os materiais de construção mais comuns foram a pedra e o tijolo e os elementos decorativos adoptados foram os geométricos, vegetais e epigráficos.
Um dos monumentos mais representativos da civilização islâmica peninsular é a Grande Mesquita de Córdova. Este edifício começou a ser construído em 786, durante o reinado de Abd al-Rahman I, no local onde se encontrava a basílica visigoda de São Vicente, tendo sido alvo de sucessivas ampliações e modificações até aos finais do século X.
Na sua versão primitiva a mesquita apresentava uma planta quadrangular, com pátio aberto onde se realizavam as abluções e a sala coberta para as orações. A sala tinha onze naves com arcadas perpendiculares ao muro da quibla lugar para onde os muçulmanos se viram quando fazem as oracões. Abd al-Rahman II levou a cabo a primeira ampliação da mesquita: derrubou o muro da quibla, tendo prolongando a mesquita para o lado sul. O califa Abd al-Rahman III mandou ampliar o pátio para norte e colocou um minarete, que está hoje oculto pela torre da catedral. Almançor procedeu à última ampliação, tendo acrescentado oito naves às onze já existentes.
Os artesãos de Córdova destacaram-se pelos seus trabalhos em marfim, tendo chegado aos nossos dias uma série de cofres rectangulares e cilíndricos feitos nesse material.
Em 936 o califa Abd al-Rahman III decide fundar uma nova cidade, Madinat al-Zahra Medina Azara, que deveria funcionar como nova capital e sede do governo. Situada a cerca de oito quilómetros de Córdova, as obras da sua construção duraram cerca de quarenta anos, mas a cidade teve uma vida efémera, já que foi pilhada e destruída durante a anarquia que se seguiu à queda do califado no século XI. Baseada num modelo oriental foi inspirada no complexo palatino de Samarra erguido pelos Abássidas perto de Bagdade, a cidade apresentava uma planta quadrangular. Estava construída sobre a ladeira de uma serra, o que permitiu a sua estruturação em três terraços: no nível mais alto, estava o palácio califal Dar al-Mulk e a residência dos principais membros da corte e da guarda; no nível intermédio encontrava-se o salão das recepções conhecido como "Salão Rico" e no nível inferior os banhos, a mesquita, o mercado e jardins.
Outro importante legado arquitectónico do período califal é a Mesquita Bab al-Mardum em Toledo, hoje Igreja del Cristo de la Luz. Construída em 999 apresenta planta quadrangular, seguindo o modelo da mesquita de Córdova, embora numa dimensão consideravelmente menor; este edifício viria a influenciar a arquitectura das igrejas cristãs de Toledo.
Do período dos reinos de taifas destaca-se a Aljafería de Saragoça, mandada construir pelo rei taifa Ahmad Abú Ya´far ibn Hud al-Muqtadir 1047-1081; este edíficio seria mais tarde transformado num palácio cristão, que serviu de residência aos reis de Aragão, sendo actualmente sede do parlamento da região autónoma espanhola de Aragão.
O seu aspecto exterior assemelha-se ao de um castelo ou fortaleza. O edíficio possui uma planta quadrangular, com várias torres cilíndricas e uma quadrangular. No seu interior acham-se várias salas, sendo uma das mais ricas a chamada sala do Oratório, com decoração de gesso. Esta "sala" é na realidade uma mesquita privada, onde o rei e a sua corte faziam as orações.
A arte e arquitectura do período almorávida e almóada apresenta um aspecto mais austero, talvez fruto das concepções religiosas severas destas dinastias berberes. Os Almorávidas construíram poucos edifícios religiosos, tendo sobretudo se dedicado a fortificar as cidades muralhas de Sevilha, Granada, castelo de Niebla.
A actual Giralda de Sevilha, retirando-lhe os acrescentos posteriores, é o minarete de uma mesquita almóada do século XI que existiu na cidade e que foi destruída para se construir a catedral gótica que existe atualmente no local. Essa mesquita foi mandada construir pelo califa Abu Yaqub em 1172 e foi acabada pelo seu sucessor, Abu Yusuf. Os arquitectos responsáveis pela obra foram Ahmad b. Basso e Ali al-Gumari.
No claustro da actual catedral encontra-se o Pátio de los Naranjos das Laranjeiras, que era o pátio onde se realizam as abluções antes da oração.
Ainda em Sevilha encontra-se outro legado deste período, a Torre do Ouro inícios do século XIII, uma construção militar junto ao rio Guadalquivir. O seu nome advém do facto de ter sido coberta com azulejos que reflectiam a luz do sol, dando a impressão de estar coberta com ouro. Dela saía uma corrente, que ligada a outra torre que existia na outra margem do rio, impedia a entrada de barcos inimigos no porto da cidade.
Ciência
À semelhança do que sucedeu no domínio artístico, os árabes e berberes que se fixaram na península Ibérica no século VIII começaram por recorrer aos saberes legados pela civilização visigoda. Progressivamente, fruto dos contactos com o Oriente no contexto, por exemplo, da peregrinação anual a Meca e do desejo de alguns soberanos do Al-Andalus em fazerem das suas cortes centros de saber que rivalizassem com as cidades do Médio Oriente, desenvolveu-se no Al-Andalus uma ciência que apresentou aspectos de originalidade.
Abd ar-Rahman II foi um dos primeiros governantes que se esforçou por converter a sua corte em Córdova num centro de cultura e sabedoria, tendo recrutado com esse objectivo vários sábios do mundo islâmico. Um deles foi Abbas ibn Firnas, que embora tivesse sido contratado para ensinar música em Córdova, brevemente se interessou por outros campos do saber, como o vôo; ele seria o autor de um aparelho voador feito em madeira, com penas e asas de grandes aves uma espécie de asa delta. Decidido em testar a sua obra, atirou-se de um ponto alto da cidade de Córdova, e segundo os relatos, conseguiu voar durante algum tempo, mas acabou por despenhar-se, sofrendo alguns ferimentos. Em sua casa, Ibn Firnas construiu um planetário, no qual não só se reproduzia o movimento dos planetas, mas também fenómenos como a chuva e a trovoada.
No campo da astronomia, devem salientar-se os trabalhos de Al-Zarqali que viveu em Toledo e em Córdova no século XI e que é conhecido no Ocidente pelo seu nome em latim, Azarquel. Notabilizou-se pela construção de instrumentos de observação astronómica, tendo inventado a azafea, um tipo de astrolábio que foi usado pelos navegadores até ao século XVI. Defendeu também que a órbita dos planetas não era circular, mas elíptica, antecipando Johannes Kepler neste domínio.
Al-Zahrawi 936-1013, mais conhecido pelo nome Albucasis, médico da corte do califa al-Hakam, foi um importante cirurgião do Al-Andalus. É conhecido como autor da enciclopédia Tasrif, na qual apresentou os seus procedimentos cirúrgicos amputações, tratamentos dentários, cirurgias aos olhos.... Esta obra seria traduzida para o latim e usada na Europa no ensino da medicina durante a Idade Média.
Na botânica e farmacologia, Ibn Baitar nascido em Málaga em finais do século XIII estudou as plantas da península Ibérica, Norte de África e Médio Oriente graças às viagens que efectou nestas regiões. Foi autor da obra Kitab al-Jami fi al-Adwiya al- Mufrada, na qual listou 1400 plantas com os seus respectivos usos medicinais; embora se tivesse baseado nos antigos tratados gregos de botânica, Ibn Baitar apresentou o uso medicinal de cerca de 200 plantas até então desconhecidas.
Ibn al-‘Awwam, residente na Sevilha do século XII, escreveu um tratado agrícola intitulado Kitab al-fila-hah, um dos trabalhos medievais mais importantes nesta área. Nele listava 585 espécies de plantas e 50 de árvores de fruto, indicando como deveriam ser cultivadas.
No período que se estende entre o século X e o século XII surgiram os grandes geógrafos peninsulares, dos quais se destacam al-Bakri, Ibn Jubair e al-Idrisi. Al-Bakri trabalhou essencialmente com fontes escritas e orais, nunca tendo deixado o Al-Andalus. Foi autor do "Livro dos Caminhos e dos Reinos" no qual listava todos os países conhecidos na época. O livro estava organizado por entradas, cada uma relatando a geografia, história, clima e povo do país em questão. Ibn Jubair, secretário do governador de Sevilha, realizou em 1183 a peregrinação a Meca, tendo aproveitado a ocasião para descrever o Mediterrâneo Oriental, fazendo referência aos acontecimentos políticos que aquela região do mundo vivia, nomeadamente as Cruzadas. Al-Idrisi, nascido em Sabtah Ceuta, recebeu a sua educação na Córdova dos Almorávidas, mas teve que abandonar a cidade por motivos de perseguição política e religiosa, tendo se instalado na Sicília dos Normandos. Nesta ilha ele escreveu o Livro de Rogério, cujo nome deriva do nome do patrono de al-Idrisi, o rei Rogério II da Sicília, onde descrevia o mundo conhecido de então. As informações da obra seriam plasmadas num planisfério de prata.
FONTE WIKIPÉDIA