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Lenda do cavaleiro que roubou o estandarte
Esta é a famosa lenda de um cavaleiro português que foi à Espanha buscar a bandeira Portuguesa que tinha sido roubada.
Conta a lenda que esta história enquadra-se no tempo do rei D. Fernando, na crise política de 1383-1385, altura em que se travaram grandes lutas entre portugueses e espanhóis, pela sucessão da coroa de Portugal.
O Alcaide-mor de Elvas era Gil Fernandes, irmão de D. Nuno Álvares Pereira.
Diz a lenda que a filha do alcaide conhecera um cavaleiro pelo qual se apaixonou perdidamente.
Naquele tempo não era permitido que a filha dum alcaide se casasse com algum mancebo que não pertencesse à realeza.
Como o cavaleiro e a donzela se amavam muito, o Alcaide decidiu, impor uma dura tarefa ao cavaleiro, para que este não a conseguisse concretizar.
Então o alcaide mandou chamar à sua presença o cavaleiro, dizendo-lhe que se ele consegui-se ir a Badajoz recuperar o estandarte português que tinha sido roubado, e lho trouxesse, lhe concedia a mão da sua filha.
O cavaleiro ouvindo isto, não exitou e começou a alimentar o seu cavalo muito bem ,vários dias a favas para que no dia combinado nada pudesse falhar e assim conseguir ordem para poder realizar os seus maiores desejos que era casar com a filha do alcaide,a pessoa que ele mais amava.
Quando chegou o dia da festa de Badajoz, o cavaleiro partiu cavalgando vários dias e noites sem parar.
Quando chegou a Badajoz, realizava-se a Procissão do Corpo de Deus, e ele aproximando-se arrancou o estandarte das mãos do espanhol, que era portador da bandeira, e com o estandarte na mão regressou a Elvas cavalgando sem parar.
Ao chegar a Elvas dirigiu-se para o castelo. Mas para sua maior surpresa os portões do Castelo tinham sido todos fechados por ordem do Alcaide, porque do castelo se avistavam já as tropas Espanholas.
O cavaleiro não sabendo o que se passava cavalgou todas as muralhas em volta do castelo procurando uma entrada aberta para entrar e assim escapar com vida mas não conseguiu.
Desesperado fugiu da perseguição dos espanhóis, mas o seu cavalo de tão cansado que estava não resistiu acabando por morrer.
O Cavaleiro desesperado, por não poder entrar no Castelo, resolveu não deixar a sua missão por cumprir e tal como tinha prometido entregar o estandarte ao alcaide do castelo lançou o estandarte por cima da muralha, e ao mesmo tempo que foi ferido e capturado pelos espanhóis, então gritou:
Morra o homem mas deixe a sua fama.
Estando ferido gravemente, por todo o seu corpo ter sido atravessado com espadas e lanças, as tropas espanholas levaram-no para Badajoz, onde acabou por morrer num caldeirão com azeite a ferver.
Posteriormente os espanhóis quando realizavam a festa, e na frente da procissão do Corpo de Deus, em Badajoz, usavam uma caldeira, como símbolo enquanto que em Elvas os portugueses mostravam a bandeira tomada pelo cavaleiro na festa da cidade.
Ainda hoje se discute a origem do brasão da cidade de Elvas, há uma corrente que diz que tem a ver com o cavaleiro, enquanto outros estudiosos referem-se a D. Sancho II o conquistador de Elvas aos mouros em 1226 e à qual concedeu foral em 1229.
O cavaleiro anónimo do brasão será para muitas gerações o fiel cavaleiro que foi recuperar o estandarte português a Espanha e que acabou por ser traído pelo pai da pessoa que ele mais amava na vida.