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Castelo de Melgaço
O Castelo de Melgaço localiza-se na freguesia de Vila, concelho de Melgaço, distrito de Viana do Castelo, em Portugal.
Principal defesa raiana do Alto Minho no século XII, constitui-se na sentinela mais setentrional de Portugal, no trecho onde o rio Minho inicia a sua função fronteiriça, vigiando a travessia para a Galiza.
História
Antecedentes
Não foram identificadas informações acerca da primitiva ocupação humana deste local.
O castelo medieval
A construção do castelo remonta a 1170, por determinação de D. Afonso Henriques 1112-1185. O primeiro documento, entretanto, a referir a povoação é a Carta de Foral que lhe foi passada pelo soberano em 1183 e não 1181 como tem sido repetido em função de erro de transcrição, garantindo aos seus habitantes por solicitação dos próprios privilégios semelhantes aos que gozava o feudo galego de Ribadavia.
A partir de então, a vila fronteiriça progrediu com rapidez, de tal forma que o primitivo castelo estaria concluído já no início do século XIII, dividindo-se os autores entre os anos de 1205 e de 1212, ano em que, juntamente com outras praças vizinhas, fez frente à invasão das forças do reino de Leão no contexto da disputa entre D. Afonso II 1211-1223 e suas irmãs.
Contribuíram para esta campanha construtiva, além dos próprios habitantes e do apoio real, os recursos do Mosteiro de Longos Vales e do Mosteiro de Fiães.
O seu filho e sucessor, D. Sancho II 1223-1248 deixou a cargo do Concelho a nomeação do alcaide, privilégio que, D. Afonso III 1248-1279, ao conceder à vila, em 1258, um segundo foral, reivindicou novamente para a Coroa.
A construção da cerca da vila, iniciada em 1245 e cujo troço oeste foi concluído em 1263, inscreveu-se numa grande campanha de obras empreendida por este soberano, que atualizou as defesas do castelo, uma vez mais com o apoio do Mosteiro de Fiães.
A placa epigráfica no portão principal, assinalando este último ano, registra as identidades do responsável pelos trabalhos, o alcaide Martinho Gonçalves, e o seu arquiteto, Fernando, Mestre de Pedraria.
Em 1361 o trânsito entre Portugal e a Galiza deveria ser feito, obrigatoriamente, por Melgaço, dado revelador da sua importância, à época.
No contexto da crise de 1383-1385, a vila e seu castelo seguiram a tendência do norte de Portugal, mantendo o partido de D. Beatriz. No início de 1387, governados por um alcaide castelhano, sofreram o assédio das tropas portuguesas sob o comando de D. João I 1385-1433, vindo a cair ao fim de uma denodada resistência de quase dois meses.
Em 1492 Melgaço era um dos cinco únicos lugares da fronteira portuguesa facultados para ingresso dos judeus expulsos da Espanha sefarditas. Ainda sob o reinado de D. Manuel, as defesas da vila e seu castelo encontram-se figuradas por Duarte de Armas Livro das Fortalezas, c. 1509, integradas por três torres e duas portas.
A fortificação setecentista
No século XVII, no contexto da Guerra da Restauração da independência portuguesa, as defesas da vila sofreram obras de adaptação aos avanços da artilharia, recebendo linhas abaluartadas que envolveram o recinto medieval.
A cerca medieval
No contexto da Reconquista cristão da península Ibérica, este dinâmico burgo medieval recebeu o seu foral da Condessa D. Teresa, institucionalizando a sua feira, a 4 de Março de 1125. Nesse documento afirma-se ter ela ter resolvido fundar uma vila no lugar denominado "Ponte", concedendo privilégios a todos os que aí se fixassem.
De fortificação tardia, as suas defesas foram iniciadas sob o reinado de D. Pedro 1357-1367, iniciando-se a brita da pedra para a cerca da vila a 8 de Março de 1359 e o muro a 3 ou 6 de Julho do mesmo ano, conforme inscrição epigráfica originalmente na Torre Velha. Os trabalhos estariam concluídos anteriormente a 11 de Maio de 1370, no reinado de D. Fernando 1367-1383, tendo desempenhado importante papel estratégico sob o reinado de D. João I 1385-1433.
À época dos Descobrimentos com Viana do Castelo, e posteriormente, durante o chamado Colonialismo Português, acumulou lucros com a exploração do açúcar e do ouro do Brasil, o que se reflete até aos nossos dias na riqueza de seu património arquitetónico, civil e eclesiástico. Como exemplo, cita-se o pequeno castelo erguido erguido a partir de 1469 por D. Leonel de Lima, 1° visconde de Vila Nova de Cerveira transformado em Paço no século XVIII e, sob o reinado de D. Manuel I 1495-1521, pela Torre da Cadeia e pela Porta Nova.
Do século XVIII aos nossos dias
A prosperidade trouxe o crescimento da vila, absorvendo a cerca tardo-medieval. Em fins do século XVIII, a Câmara Municipal autorizou a demolição de partes da antiga cerca para reutilização da sua pedra 1787. Em meados do século XIX foi demolida uma das últimas torres, datando dessa data 1857, a única foto conservada da Torre Velha.
Chegaram aos nossos dias a Torre da Cadeia Velha e a Torre de São Paulo, classificadas como Imóvel de Interesse Público por Decreto publicado em 20 de Março de 1945.
A Torre de São Paulo, de planta quadrangular coroada por merlões, foi erigida no século XIV, integrando a cerca da Vila. O seu nome deve-se à existência de uma imagem desse santo numa edícula sobre a porta do postigo que lhe era adjacente. Fazendo parte do reforço estrutural da muralha, maciça e sem fenestração, sofreu intervenções no início do século XVI, perceptíveis na única porta de acesso ao nível do adarve do muro adjacente.
Conserva nas paredes pelo lado interno, os apoios do madeiramento dos pisos. Externamente, na face voltada para o rio, encontra-se um painel de azulejos de autoria de Jorge Colaço, representando o episódio de D. Afonso Henriques na Cabração Cabras São Senhor!. Como recordação das cheias do rio, no alçado pela rua do Postigo, quase ao nível da cota do pavimento pode ler-se uma inscrição gótica, que reza: "Aqui chegou o rio pelo risco".
FONTE WIKIPÉDIA