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PADRE ALBERTO NETO

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Alberto Neto

Alberto Neto Simões Dias foi um sacerdote católico português que se destacou como educador e pelo seu papel no movimento católico progressista contra a Guerra Colonial e a ditadura fascista de António de Oliveira Salazar e Marcello Caetano.

Vida

Alberto Neto nasceu em 1931, filho de Eurico Simões Dias e Genoveva Neto, ambos professores primários, na aldeia do Souto da Casa, concelho do Fundão, na Beira Interior.

Frequentou o Seminário do Patriarcado de Lisboa em Santarém, Almada e Olivais. Foi ordenado sacerdote católico em 15 de Agosto de 1957, no cargo de coadjutor da paróquia de Santa Maria de Belém.

Foi professor em vários liceus, nomeadamente no Liceu D. João de Castro 1962-66?, Liceu Pedro Nunes e Liceu Padre António Vieira, em Lisboa e na Escola Secundária de Queluz, que, posteriormente, viria a ser designada por Escola Secundária Padre Alberto Neto em sua homenagem.

Entre 1965 e 1972 foi assistente diocesano da Juventude Escolar Católica masculina e da Juventudade Escolar Católica Feminina , organizações juvenis da Acção Católica Portuguesa de estudantes do ensino secundário.

De 1978 e 1981 foi membro de Conselho Presbiterial do Patriarcado de Lisboa. De 1979 a 1982 foi padre da paróquia de Belas e depois de Rio de Mouro.

Foi assassinado por um tiro de pistola, em Setúbal em 1987. A investigação criminal não foi inconclusiva, mas o seu resultado, inconveniente para vários sectores da vida portuguesa, foi abafado v. livro "Os mal-amados", de Fernando Dacosta

 Acção política

Alberto Neto participou, desde 1969 em reuniões secretas anti-regime e antiguerra colonial.

Distinguiu-se principalmente enquanto pároco da capela do Rato, em Lisboa.

Colaborou activamente na iniciativa de um grupo de católicos, em 1973, de realização de uma vígilia de reflexão sobre a guerra colonial contra a autodeterminação das então colónias portuguesas em África, então decorrente, e a necessidade assinar tratados de paz, reconhecendo a sua independencia. Aprovam uma moção criticando a guerra.

No segundo dia da vígilia, uma grupo de polícia de choque da PIDE-DGS entra à força na capela e prende 91 pessoas aí encontradas, incluindo líderes da oposição ilegalizada e funcionários públicos que foram exonerados.

Entre eles, encontravam-se Luís Moita, Nuno Teotónio Pereira, Francisco Pereira de Moura, futuro membro de um dos primeiros governos democráticos; Francisco Louçã, actual líder do Bloco de Esquerda, entre outros.

Muitos acabaram a cumprir pena na Prisão de Caxias, para presos políticos.

Alguns dias mais tarde, o padre Alberto Neto é demitido das suas funções, e a sua vígilia condenada pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa, Dom António Ribeiro, uma acção que leva muitos católicos a demarcarem-se da hierarquia e reforçando a sua oposição ao regime.

Vários deputados da Ala Liberal da Assembleia Nacional, movidos pela solideriedade católica, poriam em questão a legitimidade da acção policial. O mais proeminente, Miller Guerra seria forçado a demitir-se.

Ala Liberal 

Os deputados da Ala Liberal constituíram uma geração de políticos adeptos de uma forte liberalização do regime do Estado Novo.

Coube a personalidades que pontificaram na Ala Liberal do antes do 25 de Abril, como Francisco Sá Carneiro, Francisco Pinto Balsemão, Mota Amaral, Joaquim Magalhães Mota, Miller Guerra, entre tantos outros, pôr a nu as fragilidades do regime, influenciando algumas decisões e rompendo com os cânones de uma linha mais dura e pouco flexível que aos pouco foi acabando por ceder.

Um total de 30 deputados formaram a "ala liberal" da Assembleia Nacional sendo Sá Carneiro um dos mais activos elementos do grupo.

E foi justamente sobre o papel desempenhado pela nova geração de políticos, que “despontou” com a Primavera Marcelista, o período de abertura política liderado por Marcello Caetano, e que veio a ser apontada como a Ala Liberal da então Assembleia Nacional .

Exemplos concretos das acções dos chamados “liberais” como fundamentais na transição da ditadura para Democracia, contam-se , entre outras, medidas apresentadas aquando do projecto de revisão constitucional em 1970.

Dele já constavam “a abolição da censura e a proclamação da liberdade de Imprensa; a eliminação dos entraves administrativos à liberdade de associação; a extinção dos tribunais plenários, onde se fazia a paródia de julgamento dos presos políticos; a proibição das medidas de segurança sem termo certo, que, aplicada aos mesmos presos políticos, acabavam por se assemelhar à prisão perpétua; a limitação da prisão preventiva sem culpa formada a um prazo máximo de setenta e duas horas; a inclusão do direito ao trabalho e do direito à emigração na lista dos direitos fundamentais; o reforço dos poderes da Assembleia Nacional e a modernização dos seus métodos de trabalho; a restauração do sufrágio universal para a eleição do Presidente da República; a proibição do veto presidencial às leis de revisão constitucional.

Em poucas palavras: a aprovação do projecto da Ala Liberal significaria a substituição do regime ditatorial Estado Novo e autoritário por uma democracia de modelo europeu ocidental.

Entre 1970 e 1971, o número de detenções por motivos políticos voltou a aumentar,os ecos da violência e da ilegalidade dos métodos usados na instrução dos processos foram denunciados por apoiantes dos presos e chegaram à Assembleia Nacional pela voz de Sá Carneiro e de outros deputados "liberais".

O recuo no terreno das liberdades expressava uma clara travagem a nível político-institucional naquilo que a chamada Primavera Marcelista continha de promessa de renovação contínua do regime.

Contra isto se insurgiram os deputados da Ala Liberal, que apresentaram várias iniciativas legislativas ao longo do ano de 1972.

Após sucessivas desilusões, os deputados da Ala Liberal foram abandonando a Assembleia.

Sá Carneiro foi o primeiro, em 1973, com a famosa expressão "É o fim!", seguindo-se-lhe vários outros.

Passaram à oposição, nomeadamente através de artigos publicados no jornal Expresso , fundado por Pinto Balsemão em Janeiro de 1973.

Os esforços dos "liberais" terão tido o efeito de desacreditar a experiência marcelista junto de largos sectores das classes médias portuguesas.

FONTE WIKIPÉDIA

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