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NAP. BONAPARTE

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Napoleão Bonaparte

Napoleão Bonaparte foi um líder político e militar durante os últimos estágios da Revolução Francesa. Adoptando o nome de Napoleão I, foi imperador da França de 18 de Maio de 1804 a 6 de Abril de 1814, posição que voltou a ocupar por poucos meses em 1815 20 de Março a 22 de Junho. Sua reforma legal, o Código Napoleónico, teve uma grande influência na legislação de vários países. Através das guerras napoleónicas, ele foi responsável por estabelecer a hegemonia francesa sobre maior parte da Europa.

Napoleão nasceu em Córsega, filho de pais com ascendência da nobreza italiana e foi treinado como oficial de artilharia na França continental. Bonaparte ganhou destaque no âmbito da Primeira República Francesa e liderou com sucesso campanhas contra a Primeira Coligação e a Segunda Coligação. Em 1799, liderou um golpe de Estado e instalou-se como Primeiro Cônsul. Cinco anos depois, o senado francês o proclamou imperador. Na primeira década do século 19, o império francês sob comando de Napoleão se envolveu em uma série de conflitos com todas as grandes potências europeias, as Guerras Napoleónicas. Após uma sequência de vitórias, a França garantiu uma posição dominante na Europa continental, e Napoleão manteve a esfera de influência da França, através da formação de amplas alianças e a nomeação de amigos e familiares para governar os outros países europeus como dependentes da França. As campanhas de Napoleão são até hoje estudadas nas academias militares de quase todo o mundo.

A Campanha da Rússia em 1812 marcou uma virada na sorte de Napoleão. Seu Grande Armée foi seriamente danificado na campanha e nunca se recuperou totalmente. Em 1813, a Sexta Coligação derrotou suas forças em Leipzig. No ano seguinte, a Coligação invadiu a França, forçou Napoleão a abdicar e o exilou na ilha de Elba. Menos de um ano depois, ele fugiu de Elba e retornou ao poder, mas foi derrotado na Batalha de Waterloo, em Junho de 1815. Napoleão passou os últimos seis anos de sua vida confinado pelos britânicos na ilha de Santa Helena. Uma autópsia concluiu que ele morreu de câncer no estômago, embora haja suspeitas de envenenamento por arsénico.

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Origens e educação

Napoleão Bonaparte nasceu em 15 de Agosto de 1769 em Ajaccio, Córsega, um ano após a ilha ser transferida para a França pela República de Génova e foi o segundo de oito filhos do advogado Carlo Maria Bonaparte e de Maria Letícia Ramolino, uma família descendente da pequena nobreza da Itália, que chegou à Córsega vinda da Ligúria ainda no século XVI. Foi baptizado Napoleone di Buonaparte, provavelmente adquirindo seu primeiro nome de um tio apesar de um irmão mais velho, que não sobreviveu à infância, também ter se chamado Napoleone, e anos depois mudou seu nome para Napoléon Bonaparte.

Carlo Maria Bonaparte, pai de Napoleão, foi nomeado representante da Córsega na corte de Luís XVI de França em 1777. A influência dominante na educação de Napoleão foi sua mãe, que criou com pulso firme o indisciplinado filho. Teve os irmãos José, Lucien, Elisa, Louis, Pauline, Carolina e Jerónimo. Havia também outras duas crianças, um menino e uma menina, que nasceram antes de José, mas morreram ainda na infância. Napoleão foi baptizado pouco antes de seu segundo aniversário, em 21 de Julho de 1771, na Catedral de Ajaccio.

Seu passado de relativa nobreza e suas conexões familiares permitiram que ele tivesse boas oportunidades de educação, acima da média da época para a região. Em Janeiro de 1779, Napoleão estava matriculado em uma escola religiosa em Autun, para aprender francês, e em Maio entrou em uma academia militar em Brienne-le-Château. Falava com um sotaque Córsega e nunca aprendeu a soletrar correctamente. Foi provocado por outros estudantes por causa de seu sotaque e começou a se dedicar à prática da leitura. Ele era notavelmente dedicado em matemática, e também muito familiarizado a história e geografia.

Ao completar seus estudos em Brienne, em 1784, Napoleão entrou para a Escola Militar de Paris, e ainda que sempre tenha se interessado, a princípio, em uma formação naval, acabou estudando para se tornar oficial de artilharia, e quando a morte de seu pai reduziu sua renda, foi forçado a terminar o curso de dois anos em apenas um.

Início da carreira

Ao se formar, em Setembro de 1785, Bonaparte se tornou segundo tenente do regimento de artilharia de La Fère, e serviu em Valença e Auxonne, até a eclosão da Revolução Francesa em 1789. Napoleão passou os primeiros anos da Revolução em Córsega, actuando em uma complexa luta entre realistas, revolucionários e nacionalistas córsegos. Apoiou os jacobinos revolucionários, foi promovido a tenente-coronel e comandou um batalhão de voluntários. Então, em Julho de 1792 conseguiu convencer as autoridades de Paris a promovê-lo a capitão. Voltou para a Córsega e entrou em conflito com o líder local Pascoal Paoli, que sabotou uma investida francesa na ilha italiana de La Madalena, onde Bonaparte era um dos líderes da expedição, e por causa disso Bonaparte e sua família tiveram de fugir para a França continental em Junho de 1793.

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Cerco de Toulon

Em Julho de 1792, Napoleão publicou um panfleto pro-republicano, Le Souper de Beaucaire, o que fez com que ele ganhasse a admiração e o apoio de Augustin Robespierre, irmãos mais novo do líder revolucionário Maximilien Robespierre. Com a ajuda do companheiro corso Antoine Christophe Saliceti, Bonaparte foi nomeado comandante da artilharia das forças republicanas no cerco de Toulon. A cidade havia se sublevado contra o governo republicano e foi ocupada por tropas britânicas. Ele usou um plano para capturar um monte que permitiria que dominassem o porto da cidade e forçassem os navios ingleses a evacuar. A ofensiva, durante a qual Napoleão foi ferido na coxa, levou à captura da cidade e à promoção dele a general de brigada. Suas ações chamaram a atenção do Comité de Salvação Pública, e ele foi encarregado da artilharia do exército francês na Itália. Enquanto esperava pela confirmação do cargo, Napoleão passou um tempo como inspector de fortificações costeiras na costa do Mediterrâneo, perto de Marselha. Arquitectou planos para atacar Piemonte como parte da campanha contra a Primeira Coligação e então foi mandado em missão, por Augustin, à República de Gênova, para entender as intenções do país em relação à França.

13 Vendémiaire

Após a queda dos irmãos Robespierre no 9 Termidor, em Julho de 1794, Bonaparte foi colocado sob prisão domiciliar em Nice por sua associação com eles. Foi libertado após duas semanas e devido a sua habilidade técnica foi convidado a elaborar planos para atacar as posições italianas na guerra da França com a Áustria. Ele também participou de uma expedição para retomar Córsega dos britânicos, mas os franceses foram expulsos pela marinha britânica.

Bonaparte ficou noivo de Désirée Clary, irmã de Júlia Clary, esposa de José, o irmão mais velho de Napoleão; os Clarys eram uma família de comerciantes ricos de Marselha. Em Abril de 1795, ele foi designado para o Exército do Oeste, que estava envolvido na Rebelião da Vendéia. Para ocupar o comando de artilharia, ele seria rebaixado do cargo de general de artilharia - cargo em que o contingente estava lotado - e declarou saúde precária para evitar o destacamento. Ele foi movido para o Departamento de Topografia do Comitê de Salvação Pública e tentou, sem sucesso, ser transferido para Constantinopla, a fim de oferecer seus serviços ao Sultão. Durante este período, ele escreveu uma novela romântica, Clisson et Eugénie , sobre um soldado e sua amante, em um claro paralelo à própria relação de Bonaparte com Désirée. Em 15 de Setembro, Bonaparte foi removido da lista de generais em serviço regular por sua recusa em servir na campanha de Vendée. Ele enfrentou então uma difícil situação financeira e a redução nas perspectivas de carreira.

Em 3 de Outubro, realistas em Paris, declararam uma rebelião contra a Convenção Nacional depois que eles foram excluídos de um novo governo, o Directório Um dos líderes da Reacção Termidoriana, Paul Barras, soube das façanhas militares de Bonaparte em Toulon e lhe deu o comando das forças improvisadas em defesa da Convenção no Palácio das Tulherias. Bonaparte havia testemunhado o massacre da Guarda Suíça naquele mesmo lugar, anos antes, e percebeu que a artilharia seria a chave para a defesa. Ele ordenou que um jovem oficial de cavalaria, Joachim Murat, aproveitasse os grandes canhões e os usou para repelir os agressores em 5 de Outubro de 1795 13 Vendémiaire An IV no calendário republicano francês. Mil e quatrocentos realistas morreram, e o resto fugiu.

A derrota da insurreição realista extinguiu a ameaça à Convenção e deu a Bonaparte fama repentina, riqueza, e o apoio do novo Directório. Murat se tornaria seu cunhado e um de seus generais, e Napoleão logo foi promovido a comandante do exército do interior e recebeu o comando do exército francês na Itália o chamado Armée d'Italie. Em Março de 1796, após romper com Désirée Clary, Bonaparte se casou com Joséphine de Beauharnais, ex-amante de Barras.

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Primeira campanha na Itália

Dois dias depois do casamento, Bonaparte deixou Paris para assumir o comando do Exército da Itália e o liderou em uma invasão bem-sucedida da Itália. Na Batalha de Lodi derrotou as forças austríacas e os expulsou de Lombardia. Foi derrotado em Caldiero por forças de reforço austríacas, lideradas por Joseph Alvinczy, e recuperou a iniciativa na crucial Batalha da Ponte de Arcole e pôde subjugar os Estados Pontifícios. Bonaparte se posicionou contra a vontade dos ateus do Directório de marchar para Roma e destronar o papa, argumentando que isso iria criar um vazio de poder, que seria explorado pelo Reino de Nápoles. Em vez disso, em Março de 1797, Bonaparte levou seu exército para a Áustria, forçando o país a negociar a paz. O Tratado de Leoben deu à França o controle da maior parte do norte da Itália e os Países Baixos, e uma cláusula secreta prometeu a República de Veneza para a Áustria. Bonaparte marchou para Veneza e forçou a sua rendição, pondo fim em 1100 anos de independência; ele também autorizou os franceses a saquearem tesouros como o Cavalos de São Marcos.

Sua aplicação de ideias convencionais militares para situações do mundo real possibilitaram seus triunfos militares, assim como o uso criativo da artilharia como uma força móvel para apoiar a sua infantaria. Ele se refere à sua táctica assim: "Eu lutei sessenta batalhas e não aprendi nada que não sabia no começo. Olhe para César; ele lutou a primeira como a última. Nesta campanha italiana, o exército de Napoleão capturou 150.000 prisioneiros, 540 canhões e 170 bandeiras. O exército francês lutou em 67 ações e venceu 18 batalhas através da tecnologia superior de artilharia e tácticas de Bonaparte.

Durante a campanha, Bonaparte tornou-se cada vez mais influente na política francesa; ele fundou dois jornais, ambos para as tropas do seu exército e também para circulação na França. Os realistas atacaram Bonaparte por saques na Itália e alertou que ele poderia se tornar um ditador. Bonaparte enviou o General Pierre Augereau para Paris para liderar um golpe de Estado em 4 de Setembro, o chamado Coup of 18 Fructidor. Isto levou Barras e seus aliados republicanos novamente ao poder, mas dependentes de Bonaparte, que dava continuidade às negociações de paz com a Áustria. Estas negociações resultaram no Tratado de Campoformio, e Napoleão retornou a Paris em dezembro como um herói. Ele se encontrou com Talleyrand, novo ministro do Exterior francês que mais tarde serviria no mesmo cargo ao Imperador Napoleão e começaram a preparam uma invasão da Inglaterra.

Campanha do Egipto

Após dois meses de planeamento, Bonaparte decidiu que o poder naval da França não era ainda suficientemente forte para enfrentar a Marinha Real no Canal da Mancha e propôs uma expedição militar para tomar o Egipto e, assim, prejudicar o acesso da Inglaterra a seus interesses comerciais na Índia. Bonaparte desejava estabelecer presença francesa no Oriente Médio, com a intenção de se ligar ao Sultão Tipu, inimigo da Inglaterra na Índia. Napoleão garantiu ao Directório que "logo que conquistasse o Egipto, iria estabelecer relações com os príncipes indianos e, juntamente com eles, atacar os ingleses em suas posses." Um relatório de Talleyrand de Fevereiro de 1798 dizia: "Tendo ocupado e fortificado o Egipto, vamos enviar uma força de 15.000 homens de Suez para a Índia, para se juntar às forças de Tipu Sahib e afastar os ingleses." O Directório concordou, a fim de garantir uma rota de comércio segura para a Índia.

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Era napoleónica

A sociedade francesa estava passando por um momento tenso com os processos revolucionários ocorridos no país, de um lado com a burguesia insatisfeita com os jacobinos, formados por revolucionários radicais, e do outro lado as tradicionais monarquias européias, que temiam que os ideais revolucionários franceses se difundissem por seus reinos.

O fim do processo revolucionário na França, com o Golpe 18 Brumário, marcou o início de um novo período na história francesa e, consequentemente, da Europa: a Era Napoleónica.

Pode-se dividir seu governo em três partes:

Consulado 1799-1804

Império 1804-1815

Governo dos Cem Dias 1815

 

O governo do Directório foi derrubado na França sob o comando de Napoleão Bonaparte, que, junto com os girondinos alta burguesia, instituiu o consulado, primeira fase do governo de Napoleão. Este golpe ficou conhecido como Golpe 18 de Brumário data que corresponde ao calendário estabelecido pela Revolução Francesa e equivale a 9 de Novembro do calendário gregoriano em 1799. Muitos historiadores alegam que Napoleão fez questão de evitar que camadas inferiores da população subissem ao poder.

Considerado herói por muitos e vilão por outros crê-se que é o primeiro anti-cristo dos três previstos por Nostradamus[carece de fontes, Napoleão é certamente uma das mais importantes figuras históricas da humanidade, tendo mais de 600 mil livros escritos sobre ele ou que ao menos o citam de maneira relevante, sendo a segunda figura humana mais estudada, depois de Jesus.

Um dos mais famosos generais dos tempos contemporâneos e um extraordinário estadista nascido em Ajaccio, na Córsega, ilha do Mediterrâneo sob administração da França desde o ano do seu nascimento, que deixou marcas duradouras nas instituições da França e de grande parte da Europa ocidental. Filho de família pobre, mas dono de um título de nobreza da República de Gênova, estudou na academia militar de Brienne e na de Paris, saindo como oficial de artilharia 1785. Aderiu à Revolução Francesa 1789, uniu-se aos jacobinos, serviu como tenente da recém-criada guarda nacional e transformou-se num dos principais estrategistas do novo sistema de guerra de massa. Fez uma carreira meteórica e se destacou pela originalidade nas campanhas militares. Capitão de artilharia na retomada de Toulon aos ingleses e foi promovido general-de-brigada 1793, o mais jovem general do exército francês.

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Após a queda de Robespierre, foi detido sob acusação de ser jacobino, mas depois foi encarregado de dirigir a repressão ao levante monarquista de Paris 1795. Casou-se com Josefina 1796, viúva do general guilhotinado 1794 Beauharnais, e tornou-se o comandante-em-chefe do Exército nas campanhas da Itália, contra os austríacos 1795-1797, e do Egipto, contra os ingleses 1796-1799. Quando da ocupação do Egipto 1798 a expedição científica que o acompanhou incluía o astrónomo Laplace, o químico Bertholet, o físico Monge e o arqueólogo Denon. Em pesquisas arqueológicas foi descoberta a pedra de Rosetta, fragmento de estela, espécie de monolito de basalto negro, que apresenta um decreto de Ptolomeu V, em caracteres hieroglíficos, demóticos e gregos 196 a. C., que Champollion usaria para decifrar os hieróglifos egípcios 1822 e está exposta no British Museum, em Londres.

Liderou um golpe de Estado 1799, instalou o Consulado e fez-se eleger cônsul-geral, apoiado em um plebiscito popular. Promulgou uma constituição de aparência democrática. Organizou o governo, a administração, a polícia, a magistratura e as finanças. Tomou medidas despóticas e antiliberais, como o restabelecimento da escravidão nas colónias, e outras de grande importância económica, como a criação do Banco da França 1800. Concluiu com o papa Pio VII a concordata 1801, que restabelecia a igreja na França, embora submetida ao Estado. Criou a Legião de Honra e o novo código civil, depois chamado Code Napoléon, elaborado por uma comissão de juristas com participação activa do primeiro-cônsul. Essa medida de grande alcance tornou-se o maior feito jurídico dos tempos modernos, consubstanciou os princípios defendidos pela Revolução Francesa e influenciou profundamente a legislação de todos os países no século XIX.

O restabelecimento da ordem e da paz, bem como atentados frustrados de monarquistas, fizeram crescer a sua popularidade, que habilmente a utilizou para se fazer proclamar cônsul vitalício por plebiscito 1802. Coroou-se rei da Itália 1805, divorciou-se da imperatriz Josefina 1809 e casou-se com Maria Luísa, filha do imperador austríaco. Em guerra permanente contra as potências vizinhas, enfrentou a coalizão de todas as potências europeias e foi derrotado em Leipzig 1813.

Depois de uma desastrada campanha na Rússia, foi derrotado pelos exércitos aliados adversários dos franceses e obrigado a abdicar 1814. Foi exilado na ilha de Elba, na costa oeste da Itália.

No ano seguinte, organizou um exército e tentou restaurar a monarquia, mas foi derrotado na Batalha de Waterloo, na Bélgica 1815. Esse período ficou conhecido como o Governo dos Cem Dias. Preso pelos ingleses, foi deportado para a ilha de Santa Helena, no meio do Oceano Atlântico, onde morreu em 5 de Maio.

Consulado

Instalou-se o governo do consulado de Napoleão após a queda do Directório. O consulado possuía características republicanas, além de ser centralizado e dominado por militares. No poder Executivo, três pessoas eram responsáveis: os cônsules Roger Ducos, Emmanuel Sieyès e o próprio Napoleão. Apesar da presença de outros dois cônsules, quem mais tinha influência e poder no Executivo era Napoleão, que foi eleito primeiro-cônsul da República.

Criavam-se instituições novas, com cunho democrático, para disfarçar o seu centralismo no poder. As instituições criadas foram o senado, o tribunal, o corpo legislativo e o conselho de Estado. Mas o responsável pelo comando do exército, pela política externa, pela autoria das leis e quem nomeava os membros da administração era o primeiro-cônsul.

Quem estava no centro do poder na época do consulado era a burguesia os industriais, os financistas, comerciantes, e consolidaram-se como o grupo dirigente na França. Abandonaram-se os ideais "liberdade, igualdade, fraternidade" da época da Revolução Francesa, e mediante forte censura à imprensa e acção violenta dos órgãos policiais, desmanchou-se a oposição ao governo.

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Projecção da Figura Napoleónica

Napoleão Bonaparte teve sua figura projectada na história francesa, quando recebeu o poder através do Consulado, juntamente com três cônsules citados acima.

Reforma dos sectores do governo francês

Durante o período do consulado, ocorreu uma recuperação económica, jurídica e administrativa na França:

Economia - criou-se o Banco da França, em 1800, regulando-se a emissão de moedas, reduzindo-se a inflação. As tarifas impostas eram proteccionistas ou seja, com aumento de impostos para a importação de produtos estrangeiros; o resultado geral foi uma França com comércio e indústria fortalecidos, principalmente com os estímulos à produção e ao consumo interno.

Religião - com o objectivo de usar a religião como instrumento de poder político, Napoleão assinou um acordo, a Concordata de 1801, entre a Igreja Católica e o Estado. O acordo, sob aprovação do Papa Pio VII, dava direito ao governo francês de confiscar as propriedades da Igreja e, em troca, o governo teria de amparar o clero. Napoleão reconhecia o catolicismo como religião da maioria dos franceses, mas se arrogava o direito de escolher bispos, que mais tarde seriam aprovados pelo papa.

Direito - estabeleceu-se o Código Napoleónico, um Código Civil, em 1804, representando em grande parte os interesses dos burgueses, como casamento civil separado do religioso, respeito à propriedade privada, direito à liberdade individual e igualdade de todos ante a lei. Está em vigor até hoje, embora com consideráveis alterações legislativas posteriores.

Napoleão também instituiu em 1809 um Código Penal, que vigorou até 1994, quando a Assembleia Nacional aprovou o novo Código.

Educação - reorganizou-se o ensino e a prioridade foi a formação do cidadão francês. Reconheceu-se a educação pública como meio importante de formação das pessoas, principalmente nos aspectos do comportamento moral, político e social.

Administração - Indicavam-se pessoas da confiança de Napoleão para cargos administrativos.

Após uma década de conflitos gerais no país, com a Revolução Francesa, as medidas aplicadas deram para o povo francês a esperança de uma estabilização do governo. Os resultados obtidos neste período do governo de Napoleão agradaram à classe dominante francesa. Com o apoio desta, elevou-se Napoleão ao nível de cônsul vitalício em 1802, podendo indicar seu sucessor. Esta realização implicou na instituição de um regime monárquico.

Venda do território da Louisiana para os Estados Unidos da América

Em 1803, durante o governo de Napoleão, a França vendeu seus territórios na América para os recém-nascidos Estados Unidos da América. Isso permitiu a expansão das fronteiras dos Estados Unidos para o oeste.

A maior parte do dinheiro obtido na venda foi direccionada ao fortalecimento do exército francês para sua expansão territorial no continente europeu.

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Império

A opinião pública foi mobilizada pelos apoiadores de Napoleão, que levou à aprovação para a implantação definitiva do governo do Império. Em plebiscito realizado em 1804, aprovou-se a nova fase da era napoleónica com quase 60% dos votos, reinstituiu-se o regime monárquico na França e indicou-se Napoleão para ocupar o trono.

Realizou-se uma festa em 2 de Dezembro de 1804 para se formalizar a coroação do agora Napoleão I na catedral de Notre-Dame. Um dos momentos mais notórios da História ocorreu nesta noite, onde, com um ato surpreendente, Napoleão I retirou a coroa das mãos do Papa Pio VII, que viajara especialmente para a cerimonia, e ele mesmo se coroou, numa postura para deixar claro que não toleraria autoridade alguma superior à dele. Logo após também coroou sua esposa, a imperatriz Josefina.

Concederam-se títulos nobiliárquicos aos familiares de Napoleão, por ele mesmo. Além disso, colocou-os em altos cargos públicos. Formou-se uma nova corte com membros da elite militar, da alta burguesia e da antiga nobreza. Para celebrar os triunfos de seu governo, Napoleão I construiu monumentos grandiosos, como o Arco do Triunfo que, como outras grandes obras da época, por sua grandiosidade e por criar empregos, melhorava a imagem de Napoleão ante o povo.

O Império Francês atingiu sua extensão máxima neste período, em torno de 1812, com quase toda a Europa Ocidental e grande parte da Oriental ocupadas, possuindo 150 departamentos, com 50 milhões de habitantes, quase um terço da população europeia da época.

Expansão territorial militar

Neste período, Napoleão realizou uma série de batalhas para a conquista de novos territórios para a França. O exército francês aumentou o número de armas e de combatentes, e tornou-se o mais poderoso de toda a Europa.

Pensando que a expansão e crescimento econômico-militar da França era uma ameaça à Inglaterra, os diplomatas ingleses formaram coligações internacionais para se opor ao novo governo francês e a seu expansionismo. Também acreditavam que o governo francês poderia influir em países que estavam sob doutrina absolutista e assim causar uma rebelião. A primeira coligação formada para deter os franceses era formada pela Inglaterra, Áustria, Rússia e Prússia.

Em Outubro de 1805, os franceses usaram a marinha para atacar a Inglaterra, mas não obtiveram êxito, derrotados pela marinha inglesa, comandada pelo almirante Nelson, batalha que ficou conhecida como Batalha de Trafalgar, firmando-se o poderio naval britânico.

Ao contrário do malogro com os ingleses, os franceses venceram seus outros inimigos da coligação, como a Áustria, em 1805, na Batalha de Austerlitz, além da Prússia em 1806 e Rússia em 1807.

Bloqueio Continental

Na busca de outras maneiras para derrotar ou debilitar os ingleses, o Império Francês decretou o Bloqueio Continental em 1806, em que Napoleão determinava que todos os países europeus deveriam fechar os portos para o comércio com a Inglaterra, debilitando as exportações do país e causando uma crise industrial.

Um problema que afectou muitos países participantes do bloqueio era que a Inglaterra, que já passara pela Revolução Industrial, estava com uma consolidada produção de produtos industriais, e muitos países europeus ainda não tinham produção industrial própria, e dependiam da Inglaterra para importar este tipo de produto, em troca de produtos agrícolas.

A França procurou beneficiar-se do bloqueio com o aumento da venda dos produtos produzidos pelos franceses, ampliando as exportações dentro da Europa e no mundo. A fraca quantidade de produtos manufacturados deixou alguns países sem recursos industriais.

O único obstáculo à concretização de seu império na Europa era a Inglaterra, que, favorecida por sua posição insular (isolada), por seu poder económico e por sua superioridade naval, não conseguiria conquistar. Para tentar dominá-la, Napoleão usou a estratégia do Bloqueio Continental, ou seja, decretou o fechamento dos portos de todos os países europeus ao comércio inglês. Pretendia, dessa forma, enfraquecer a economia inglesa, que precisava de mercado consumidor para os seus produtos manufacturados e, assim, impor a superioridade francesa em toda a Europa. O decreto, datado de 21 de Novembro de 1806, dependia, para sua real vigor, de que todos os países da Europa aderissem à ideia. O Acordo de Tilsit, firmado com o czar Alexandre I da Rússia, em Julho de 1807, garantiu a Napoleão o fechamento do extremo leste da Europa.

O governo de Portugal relutava em concordar ao Bloqueio Continental devido à sua aliança com a Inglaterra, da qual era extremamente dependente. O príncipe D. João, que assumira a regência em 1792, devido ao enlouquecimento de sua mãe, a rainha D. Maria I, estava indeciso quanto à alternativa menos arriscada para a monarquia portuguesa.

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Fuga da Família Real portuguesa para o Brasil

O governo português possuía relações privilegiadas com a Inglaterra, depois da assinatura do Tratado de Methuen, em 1703, e ainda graças à velha Aliança que vinha dos tempos da Dinastia de Avis.

Portugal tinha então a Inglaterra como principal parceira para seus negócios. Pressionados por Napoleão, os portugueses não tiveram escolha: como não podiam abdicar os negócios com a Inglaterra, não participaram do Bloqueio Continental.

Insatisfeito com a decisão portuguesa, o exército francês começou a dirigir-se a Portugal. Napoleão forçara uma Aliança, sob a forma do Tratado de Fontainebleau com a Casa Real Espanhola onde veio a forçar a abdicação do trono de Carlos IV para o seu irmão, José Bonaparte para a Invasão de Portugal, apesar de se saber que havia já planos anteriormente delineados para conquistar tanto Portugal, como Espanha. A ideia era a de dividir Portugal em três reinos distintos:

Lusitânia Setentrional, a ser governado pela filha de Carlos IV, Maria Luísa;

Algarves, a ser governado por Manuel de Godoy com o título de rei;

O resto do país, a ser administrado directamente pela França Imperial até ao fim da Guerra.

Nesse sentido, realizaram-se três expedições militares a Portugal, conhecidas em Portugal pelo nome de Invasões Francesas.

Numa jogada de antecipação estratégica, pensada e planeada para evitar que a Família Real portuguesa fosse aprisionada e obrigada a abdicar, como virá a acontecer com Fernando VII e Carlos IV de Espanha, e sabendo-se que o Brasil era considerado, na época, a pérola da coroa portuguesa, toda a corte portuguesa, incluindo o príncipe-regente D. João VI, saiu para o Brasil, instalando o governo português no Rio de Janeiro em 1808, tornando-a capital do que vem a ser um sonhado Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves 1816-1826, que o rei acalentou e para o qual institui um nova bandeira com a esfera armilar.

A saída foi precipitada, com as tropas francesas já em solo português, mas conseguiu-se que cerca de 15 mil pessoas saíssem para o Brasil, transferindo praticamente todo o quadro do aparelho estatal. Além de pessoas do governo, saíram muitos nobres, comerciantes ricos, juízes de tribunais superiores, entre outros.

Os sectores afrancesados em Portugal chamaram a esta retirada estratégica "a fuga para o Brasil", frustrados pelas tropas de Napoleão não terem conseguido aprisionar e depôr a Família Real portuguesa. Com a Corte e a capital de Portugal no Brasil, passaram a considerar-se sem rei nem lei, pedindo de imediato ao General Junot que Napoleão lhes desse um novo rei e uma nova Constituição. Este episódio da saída da família real portuguesa para o Brasil, assim como a dificuldade encontrada por Napoleão em, por um lado, invadir Portugal e por outro, dominar Espanha, pode ser visto como uma das maiores falhas estratégicas de Napoleão que, aliás, referiu-se a ele, nas Memoires de Ste. Hélène como: c'est ça qui m'a perdu tradução: foi isso que me fez perder.

A saída da família real para o Brasil marcou também o início do processo de Independência do Brasil. Na sequência da Revolução de 1820 em Portugal, a Corte voltou a Portugal, restabelecendo-se em Lisboa a capital, voltando o Rio de Janeiro a ser de novo simbólica e praticamente uma cidade colonial.

Derrota francesa na Rússia

Em 1812, a aliança franco-russa é quebrada pelo czar Alexandre, que rompe o bloqueio contra os ingleses. Napoleão empreende então a campanha contra a Rússia, à frente de mais de 580.000 soldados oriundos dos mais diferentes recantos da Europa. Sem saída, a Rússia usa uma táctica de guerra chamada Terra queimada, que consistia em destruir cidades inteiras para criar um campo de batalha favorável aos defensores. Aliada com o inverno rigoroso, a Rússia consegue vencer o Exército Napoleónico que sai com apenas 12.000 homens (Morreram 558.000 homens) . Enquanto isso, na França, o general Malet, apoiado por sectores descontentes da burguesia e da antiga nobreza francesa, arma uma conspiração para dar um golpe de Estado contra o imperador. Napoleão retorna imediatamente a Paris e domina a situação.

Invasão dos aliados e derrota de Napoleão

Tem início então a luta da coligação europeia contra a França na Batalha das Nações (Confederação do Reno)que acabou com a derrota de Napoleão. Com a capitulação de Paris, o imperador é obrigado a abdicar.

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Governo dos Cem Dias

O Tratado de Fontainebleau, de 1814, exila Napoleão na Ilha de Elba. Separado da esposa e do filho e sabendo de rumores de que ele iria ser banido para uma ilha remota no meio do Oceano Atlântico, Napoleão escapa de Elba em 26 de Fevereiro de 1815. Ele aportou em Golfe-Juan, na França, dois dias depois. O 5º Regimento foi enviado para interceptá-lo. Napoleão encarou toda a tropa sozinho, desmontou de seu cavalo e, quando encontrou-se sob a linha de fogo, gritou, "Aqui estou eu! Matem seu imperador, se assim o quiserem!" Os soldados responderam com "Vive L'Empereur!" e marcharam com Napoleão até Paris, de onde Luís XVIII fugiu. Assim, Napoleão reconquista o poder.

Inicia-se então o Governo dos Cem Dias. A Europa coligada retoma sua luta contra o Exército francês. Napoleão entra na Bélgica em Junho de 1815, mas é derrotado por uma coligação anglo-prussiana na Batalha de Waterloo e abdica pela segunda vez, pondo fim ao Império Napoleónico. Mas a expansão dos ideais iluministas continuou.

Exílio em Santa Helena

Napoleão foi preso e então exilado pelos britânicos na ilha de Santa Helena em 15 de Outubro de 1815. Lá, com um pequeno legado de seguidores, contava suas memórias e criticava aqueles que o capturaram.

Morte

Até hoje, não há certeza da causa da morte de Napoleão. Na década de 1960, pesquisadores investigaram sua casa na ilha de Santa Helena e encontraram restos de arsénio (veneno letal) em suas roupas, cabelo, nos móveis, pratos, talheres, etc. Então, concluiu-se que ele fora envenenado aos poucos, até sua morte.

 

Porém, hoje em dia, já se sabe que Napoleão tinha câncer no estômago e, provavelmente, foi tratado com um remédio da época que, possuía, em sua constituição, arsénio e solventes. Como tomou esse remédio por um período grande e constantemente, acredita-se que o arsénio acumulou-se em seu organismo. Ele está sepultado no Hôtel des Invalides em Paris.

Suspeitas depois da morte

Em 1955, surgiram documentos em que Napoleão era descrito meses antes de sua morte, pensando muitos que Napoleão fora morto por envenenamento com arsénio. O arsénio era usado antigamente como um veneno indetectável se aplicado a longo prazo.

Em 2001, um estudo de Pascal Kintz, do Instituto Forense de Estrasburgo, na França, adicionou crença a esta possibilidade com um estudo de um pedaço de cabelo preservado de Napoleão após sua morte: os níveis de arsénio encontrados em seu pedaço de cabelo eram de 7 a 38 vezes maiores do que o normal.

Cortar pedaços do cabelo em pequenos segmentos e analisar cada segmento oferece um histograma da concentração de arsénio no corpo. A análise do cabelo de Napoleão sugere que doses altas mas não-letais foram absorvidas em intervalos aleatórios. O arsénio enfraqueceu Napoleão e permaneceu em seu sistema. Lá, poderia ter reagido com mercúrio e outros elementos comuns em remédios da época, sendo a causa imediata de sua morte.

Outros estudos também revelaram altas quantidades de arsénio presentes em outras amostras de cabelo de Napoleão tiradas em 1805, 1814 e 1821. Ivan Ricordel chefe de toxicologia da Polícia de Paris, declarou que se arsénio tivesse sido a causa da morte, ele teria morrido anos antes. Arsênio também era usado na época em papel de parede, como um pigmento verde, e até mesmo em alguns remédios, e os pesquisadores sugeriram que a fonte mais provável de todo este arsênio seja um tónico para cabelo. Antes da descoberta dos antibióticos, o arsênio fazia parte de um composto químico usado sem muito efeito no tratamento da sífilis, levando à especulação de que Napoleão poderia estar sofrendo de sífilis, uma doença venérea muito comum naquela época. A controvérsia continua.

Casamentos e descendência

Napoleão casou-se duas vezes:

9 de Março de 1796 com Josefina de Beauharnais.

11 de Março de 1810 por procuração com Maria Luísa de Áustria e depois numa cerimónia em 1 de Abril. Tiveram um filho:

Napoleão II de França

Extraído da Wikipédia

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