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CAMONIANAS

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Adamastor mitologia

Adamastor é um mítico gigante baseado na mitologia greco-romana, referido por Luís de Camões n'Os Lusíadas, também referido por Fernando Pessoa no poema O Mostrengo, chamando-lhe Mostrengo. Representa as forças da natureza contra Vasco da Gama sob a forma de uma tempestade, ameaçando a ruína daquele que tentasse dobrar o Cabo da Boa Esperança e penetrasse no Oceano Índico, os alegados domínios de Adamastor.

É o nome atribuído a um dos gigantes, filhos de Terra, que se rebelaram contra Zeus. Fulminados por este, ficaram dispersos e reduzidos a promontórios, ilhas e fraguedos. O seu nome surge, certamente, pela primeira vez com Sidónio Apolinário.  O gigante foi listado por Rabelais, em Gargantua e Pantagruel.

Foi popularizado ao ser usado com verdadeira mestria pelo poeta português Luís de Camões, no Canto V da epopeia portuguesa Os Lusíadas, como o gigante do Cabo das Tormentas, que afundava as naus, e cuja figura se desfazia em lágrimas, que eram as águas salgadas que banhavam a confluência dos oceanos Atlântico e Índico. O episódio do Adamastor representa, assim, em figuração grandiosa e comovida, a sua oposição à audácia dos navegadores portugueses e a predição da história trágico-marítima que se lhe seguiria.

 

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Não acabava, quando uma figura
Se nos mostra no ar, robusta e válida,
De disforme e grandíssima estatura,
O rosto carregado, a barba esquálida,
Os olhos encovados, e a postura

Medonha e má, e a cor terrena e pálida,
Cheios de terra e crespos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos.

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C'um tom de voz nos fala horrendo e grosso,
Que pareceu sair do mar profundo.
Arrepiam-se as carnes e o cabelo
A mim e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo.
 44
Aqui espero tomar, se não me engano,
De quem me descobriu suma vingança;
E não se acabará só nisto o dano

Naufrágios, perdições de toda a sorte,
Que o menor mal de todos seja a morte.
 50
Eu sou aquele oculto e grande cabo
A quem chamais vós outros Tormentório
 
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O Adamastor tem não só o papel de reforçar o positivismo da viagem, assim como o Velho do Restelo. Também dá ênfase ao «mais que humano feito» feito sobrehumano referido na proposição. Realçando a coragem do Herói, individual ou colectivo, que enfrenta, apesar do medo, desafios superiores do poder do Homem, porque renega a sua emoção seguindo a ordem de el-rei.

Na continuação do episódio, o narrador mostra-nos como este gigante tem uma fraqueza, um amor impossível, mostrando que até o mais poderoso ser padece dessa doença benigna que é o amor.

A sul do Cabo Bojador erguia-se um conjunto de lendas e superstições que a imaginação mitogénica criara a partir do mundo desconhecido. Os marinheiros quatrocentistas não podiam deixar de sentir o mistério que envolvia a transposição de tais obstáculos. As lendas representavam o medo do que havia no tenebroso cabo e para além dele.

À custa de uma experimentação contínua, os marinheiros portugueses aprenderam a recusar esses mitos e chegaram com Bartolomeu Dias ao Cabo das Tormentas, conhecido pela impossibilidade de se navegar, e que, passando a se chamar Cabo da Boa Esperança, lhes abria as portas da Índia. Os mares desse cabo serviram muitas vezes de sepultura a naus e a gentes carregadas de riquezas e de desilusões, como que comprovando as profecias do Adamastor. Bocage escreveu um belo soneto relativo às profecias do Adamastor:

 
Adamastor cruel!... De teus furores
Quantas vezes me lembro horrorizado!
 Ó monstro! Quantas vezes tens tragado
Do soberbo Oriente dos domadores!
Parece-me que entregue a vis traidores
Estou vendo Sepúlveda afamado,
Com a esposa, e com os filhinhos abraçado
Qual Mavorte com Vênus e os Amores.
Parece-me que vejo o triste esposo,
Perdida a tenra prole e a bela dama,
Às garras dos leões correr furioso.
Bem te vingaste em nós do afouto Gama!
Pelos nossos desastres és famoso:
Maldito Adamastor! Maldita fama!

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É mencionado por Voltaire no capítulo dedicado a Camões do Essai sur la poésie épique. Aparece também na obra de Victor Hugo por duas vezes: em Os Miseráveis  e num poema dedicado a Lamartine  . Alexandre Dumas refere o gigante por seis vezes nas suas obras: em O Conde de Monte Cristo , Vinte anos depois, Georges , Bontekoe, Les drames de la mer,  Causeries e Mes Mémoires. É também mencionado por Saramago, em sua obra chamada Intermitências da Morte

 FONTE WIKIPÉDIA

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