- CASTELOS E FORTALEZAS
- LUIS DE CAMÕES
- HISTÓRIA DA PESCA
- HISTORIADORES
- CATASTROFES
- PINT PORTUGUESES
- CASTELOS PORTUGAL
- CASTELO BRANCO
- CASTRO MARIM
- CASTELO MONSANTO
- CAST.DE ARRAIOLOS
- CASTELO DE ÁLCÁCER
- SANTIAGO DO CACÉM
- CASTELO DE OURÉM
- CASTELO DO SABUGAL
- CASTELO DE LAMEGO
- CASTELO ABRANTES
- CASTELO DE SILVES
- CASTELO DE MERTOLA
- CASTELO DE CHAVES
- CAST DE PORTALEGRE
- CASTELO DE POMBAL
- CAST DE BRAGANÇA
- CASTELO DE BELMONTE
- VILA DA FEIRA
- CASTELO DE ESTREMOZ
- CASTELO DE BEJA
- CASTELO ALMOUROL
- CAST.MONT. O VELHO
- CASTELO DE PENELA
- CASTELO DE MARVÃO
- CASTELO DE ÓBIDOS
- CASTELO DE LEIRIA
- CASTELO DE S.JORGE
- CASTELO DOS MOUROS
- CASTELO DE ELVAS
- CASTELO DE LAGOS
- CASTELO DE VIDE
- CASTELO DE SORTELHA
- CASTELO DE ALTER
- TORRES NOVAS
- CASTELO DE TAVIRA
- CASTELO SESIMBRA
- CASTELO DE ÉVORA
- CASTELO DE SANTARÉM
- CASTELO DE SERPA
- CASTELO DE TOMAR
- CASTELO DE MELGAÇO
- CASTELO DE COIMBRA
- CASTELO PORTO DE MÓS
- CASTELO DE PALMELA
- FORTALEZAS
- PRAÇA FORTE ALMEIDA
- FORTE STA CRUZ
- MURALHAS DO PORTO
- FORTE DAS FORMIGAS
- FORTE S.SEBASTIÃO
- FORTE S LOURENÇO
- FORTE DE SÃO FILIPE
- S.JULIÃO DA BARRA
- TORRE DE BELÉM
- FORTE DE PENICHE
- FORTE SÃO JOÃO DA FOZ
- FORTE DO QUEIJO
- SÃO TIAGO DA BARRA
- FORTE SÃO JOSÉ
- F.DE JUROMENHA
- FORTE DO OUTÃO
- FORTE DE SÃO BRÁS
- FORTE DO BUGIO
- MURALHAS DE VISEU
- FORTALEZA DE SAGRES
- FORTE DA GRAÇA
- FORTE MIGUEL ARCANJO
- FORTE SENH.DA GUIA
- FORTE DO PESSEGUEIRO
- FORTE DE SACAVÉM
- STO.ANTONIO BARRA
- SÃO TIAGO DO FUNCHAL
- FORTALEZA DO ILHÉU
- FORTE DAS MERCÊS
- REDUTO DA ALFANDEGA
- FORTE DE STA LUZIA
- PORTUGAL
- REINO DE PORTUGAL
- CRISE SUCESSÓRIA
- DINASTIA DE AVIZ
- DINASTIA FILIPINA
- QUESTÃO DINASTICA
- DINASTIA BORGONHA
- DINASTIA BRAGANÇA
- REINO DE LEÃO
- UNIÃO IBÉRICA
- COND PORTUCALENSE
- DITADURA MILITAR
- HISTÓRIA PORTUGAL
- INVASÃO ROMANA
- C.CONSTITUCIONAL
- REINO DO ALGARVE
- RECONQUISTA
- HIST.PENINS.IBÉRICA
- GUERRA COLONIAL
- HISPANIA
- HENRIQUE DE BORGONHA
- COMBOIOS DE PORTUGAL
- PALÁCIOS DE PORTUGAL
- REIS DE PORTUGAL
- D.AFONSO HENRIQUES
- D.SANCHO I
- D AFONSO II
- D.SANCHO II
- D.AFONSO III
- D.DINIS
- D.AFONSO IV
- D.PEDRO I
- D.FERNANDO
- D.JOÃO I
- D.DUARTE
- D.AFONSO V
- D.JOÃO II
- D.MANUEL I
- D.JOÃO III
- D.SEBASTIÃO
- D. HENRIQUE I
- D.FILIPE I
- D.FILIPE II
- D.FILIPE III
- D.JOÃO IV
- D.AFONSO VI
- D JOÃO V
- D.PEDRO II
- D.JOSÉ I
- D.MARIA I
- D.PEDRO III
- D.JOÃO VI
- D.PEDRO I DO BRASIL
- D.MARIA II
- D MIGUEL I
- D.PEDROV
- D.LUIS I
- D.CARLOS I
- D.MANUEL II
- DITADURA E OPOSIÇÃO
- PIDE
- OPOSIÇÃO Á DITADURA
- ROLÃO PRETO
- CAMPO DO TARRAFAL
- CAPELA DO RATO
- REVOL.DOS CRAVOS
- CADEIA DO ALJUBE
- REVIRALHISMO
- COMUNISMO
- CENS.EM PORTUGAL
- O ESTADO NOVO
- INTEGRALISMO
- CATARINA EUFÉMIA
- ALVARO CUNHAL
- FRANCISCO RODRIGUES
- PADRE ALBERTO NETO
- HENRIQUE GALVÃO
- MOVIMENTO SINDICALISTA
- O P.R.E.C EM CURSO
- 6 DE JUNHO DE 1975
- FILOS PORTUGUESES
- MOST. DE PORTUGAL
- NAV.E EXPLORADORES
- ESCRIT.E POETAS
- CESÁRIO VERDE
- TOMÁS GONZAGA
- ALVES REDOL
- LOPES DE MENDONÇA
- EÇA DE QUEIRÓS
- AFONSO L VIEIRA
- JOÃO DE DEUS
- FLORBELA ESPANCA
- MIGUEL TORGA
- BOCAGE
- FERNANDO NAMORA
- GIL VICENTE
- VITORINO NEMÉSIO
- FRANCISCO LEITÃO
- MIGUEL L ANDRADA
- FRANCISCO MELO
- FELICIANO CASTILHO
- CAMILO C. BRANCO
- IRENE LISBOA
- JORGE DE SENA
- ANTERO DE QUENTAL
- SOFIA MELO BREYNER
- ALMEIDA GARRET
- GUERRA JUNQUEIRO
- TIÓFILO BRAGA
- PINHEIRO CHAGAS
- FRANCISCO DE MIRANDA
- ALBERTO CAEIRO
- JOSÉ REGIO
- DESCOBRIMENTOS
- IGREJAS E CONVENTOS
- ACONTECIM.E LENDAS
- ORDENS RELIGIOSAS
- ORIG.PORTUGUESAS
- HISTÓRIAS MILITARES
- HIST M DE PORTUGAL
- H.MILITAR DO BRASIL
- BATALHA DE OURIQUE
- BATALHA DE TOLOSA
- CERCO DE LISBOA
- BATALHA VILA FRANCA
- GUERRA LARANJAS
- BATALHA SALADO
- CERCO DE ALMEIDA
- CORTES DE COIMBRA
- MONARQUIA DO NORTE
- HISTÓRIA MILITAR
- BATALHA DO SABUGAL
- BATALHA FUENTE ONORO
- BATALHA DE ALBUERA
- GUERRA RESTAURAÇÃO
- BATALHA DOS ATOLEIROS
- BATALHA DE MATAPÃO
- GUERRAS FERNANDINAS
- COMBATE DO CÔA
- VINHOS DE PORTUGAL
- HISTÓRIA DE CIDADES
- ARTE EM PORTUGAL
- PORTUGAL NO MUNDO
- RIOS E PONTES
- PORTUGUESES NOBRES
- PRÉ HISTÓRIA
- CULTURA VARIADA
- LITERAT PORTUGUESA
- MONARQUIA
- MARTIN MONIZ
- SALINAS DE RIO MAIOR
- HOSPIT.DONA LEONOR
- PINTURAS PORTUGAL
- AVIAD.DE PORTUGAL
- ALDEIAS HISTÓRICAS
- AZULEJO PORTUGUÊS
- RENASC EM PORTUGAL
- AQUED ÁGUAS LIVRES
- LINGUA PORTUGUESA
- MONTANHA DO PICO
- APARIÇÕES DE FÁTIMA
- GUILHERMINA SUGIA
- MILAGRE DO SOL
- ESTAÇÃO DE SÃO BENTO
- PANTEÃO DOS BRAGANÇAS
- SANTOS E BEATOS
- GOVERNAD DA INDIA
- FADOS E TOIROS
- POESIA E PROSA
- RAINHAS DE PORTUGAL
- ESTEFANIA JOSEFA
- MARIA LEOPOLDINA
- CARLOTA JOAQUINA
- MARIA FRANC SABOIA
- LEONOR TELES
- JOANA TRASTÂMARA
- MÉCIA LOPES DE HARO
- AMÉLIA DE ORLEÃES
- LEONOR DE AVIZ
- AMÉLIA AUGUSTA
- MARIA PIA DE SABOIA
- LUISA DE GUSMÃO
- BEATRIS DE PORTUGAL
- INÊS DE CASTRO
- MARIA VITÓRIA
- LEONOR DA AUSTRIA
- TERESA DE LEÃO
- RAINHA SANTA ISABEL
- FILIPA DE LENCASTRE
- MARIA ANA DE AUSTRIA
- MARIA SOFIA ISABEL
- SETIMA ARTE
- CURIOSIDADES
- OFICIAIS SUPERIORES
- PERS.DE PORTUGAL
- UNIVERSI. COIMBRA
- CONSELHEIROS REINO
- NOV.ACONTECIMENTOS
- REGENERAÇÃO
- REGICIDIO
- REVOL.28 DE MAIO
- CONSTITUIÇÃO
- INVAS NAPOLEÓNICAS
- CONV DE ÉVORAMONTE
- GUERRA CIVIL PORT.
- INTERREGNO
- COMBATE FOZ AROUCE
- ALCÁCER QUIBIR
- SUCESSÃO CASTELA
- CEUTA E DIU
- BATALHA DE ALVALADE
- BATALHA DE ROLIÇA
- BATALHA DO VIMEIRO
- BATALHA DO PORTO
- BATALHA DO BUÇACO
- CERCO DO PORTO
- BATALHA DE ALMOSTER
- GUERRA DOS CEM ANOS
- GUNGUNHANA
- OCUPAÇÃO FRANCESA
- PORTUGAL RECONQUISTA
- ÁFRICA
- RECONQ DE ANGOLA
- G LUSO-HOLANDESA
- REC.COLÓNAS PORT.
- HISTÓRIA DE ANGOLA
- GUERRA DE ANGOLA
- GUERRA MOÇAMBIQUE
- MOÇAMBIQUE
- HIST GUINÉ BISSAU
- CABO VERDE
- S.TOMÉ E PRINCIPE
- SÃO JORGE DA MINA
- FORTE DE MAPUTO
- PROVINCIA CABINDA
- GUINÉ BISSAU
- ANGOLA
- CAMI DE F BENGUELA
- ILHA DE MOÇAMBIQUE
- ALCACER -CEGUER
- ARZILA-MARROCOS
- AZAMOR
- BATALHA NAVAL GUINÉ
- CONQUISTA DE CEUTA
- CULTURA BRASILEIRA
- HISTÓRIA DO BRASIL
- PROCLA.DA REPÚBLICA
- INCONFID.MINEIRA
- REPUBLICA VELHA
- NOVA REPÚBLICA
- ERA VARGAS
- GUERRA DO PARAGUAI
- REVOLTA DA CHIBATA
- BANDEIRANTES
- GUER DOS EMBOABAS
- FLORIANO PEIXOTO
- FORÇA BRASILEIRA
- GUERRA DO PRATA
- REV.FILIPE SANTOS
- REVOL. FEDERALISTA
- CONFED.DO EQUADOR
- INTENT.COMUNISTA
- GUERRA CONTESTADO
- ORIGEM NOME BRASIL
- LUIS MARIA FILIPE
- HISTÓRIA DE FORTALEZA
- HISTÓRIA DO BRASIL I
- HISTÓRIA DO BRASIL II
- HISTÓRIA DO BRASIL III
- ISABEL DO BRASIL
- PEDRO II
- BRASIL E ALGARVES
- BRASIL COLONIA
- TRANSFER. DA CORTE
- HISTÓRIA CABRALINA
- IMIG PORT NO BRASIL
- QUESTÃO DINÁSTICA
- CAPITANIAS DO BRASIL
- GUE.INDEPENDENCIA
- MALD BRAGANÇAS
- INDEPEND DO BRASIL
- CONDE DE BOBADELA
- ABOLICIONISMO
- PEDRO AUGUSTO SAXE
- AUGUSTO LEOPOLDO
- PERIODIZAÇÃO BRASIL
- HISTÓRIA MINAS GERAIS
- HISTÓRIA RIO JANEIRO
- HISTÓRIA DO BRASIL IV
- VULCÃO DE IGUAÇU
- CRISTO REDENTOR
- HISTÓRIA EDUCAÇÃO
- QUINTA DA BOAVISTA
- OURO PRETO
- PAÇO IMPERIAL
- COLONIZ. DO BRASIL
- AQUEDUTO CARIOCA
- B.JESUS MATOSINHOS
- ALEIJADINHO
- IGRJ SÃO FRANCISCO
- CICLO DO OURO
- TIRADENTES
- REPUBLICA DA ESPADA
- ESTADO DO BRASIL
- BRASIL DIT. MILITAR
- HIST.ECON.DO BRASIL
- INVASÕES FRANCESAS
- BRASIL ESCRIT E POETAS
- ANDRÉ JOÃO ANTONIL
- JORGE AMADO
- CAMILO LIMA
- LIMA BARRETO
- JOSÉ BONIFÁCIO
- ALPHONSUS GUIMARAENS
- ÁLVARES DE AZEVEDO
- MARTINS PENA
- CLARICE LISPECTOR
- MÃE STELLA DE OXÓSSI
- LUIS GAMA
- XICO XAVIER
- MACHADO DE ASSIS
- MÁRIO DE ANDRADE
- CARLOS DRUMONDE
- MONTEIRO LOBATO
- VINICIOS DE MORAIS
- MARIANO DE OLIVEIRA
- OLAVO BILAC
- ORESTES BARBOSA
- FORTES DO BRASIL
- PERSONAG. MUNDIAIS
- MAOMÉ
- JESUS CRISTO
- NAP. BONAPARTE
- NICOLAU COPERNICO
- ADOLFO HITLER
- VLADIMIR LENIN
- NELSON MANDELA
- CONFÚCIO
- MOISÉS
- HOMERO
- FRANCISCO PIZARRO
- JÚLIO CESAR
- ARISTOTELES
- EUCLIDES
- IMP. JUSTINIANO
- ISABEL I INGLATERRA
- PAULO DE TARSO
- CESAR AUGUSTO
- ALEXANDRE O GRANDE
- THOMAS EDISON
- PAPA URBANO II
- MICHELANGELO
- SALOMÃO
- S.JOSÉ CARPINTEIRO
- PLATÃO
- MARIA MÃE DE JESUS
- CARLOS MAGNO
- EVA PERON
- MARTINHO LUTERO
- PINTOR EL GRECO
- Mahatma Gandhi
- PANDORA
- CHARLES DARWIN
- ZARATUSTRA
- CIENCIA E CIENTISTAS
- MUNDO CULTURAL
- CULTURA DE PORTUGAL
- CULTURA DA ALEMANHA
- CULTURA DA GRÉCIA
- CULTURA DO BRASIL
- CULTURA DA CHINA
- CULTURA ANGOLANA
- CULTURA DA FRANÇA
- CULTURA DA RUSSIA
- CULTURA DA ESPANHA
- CULTURA DA ITÁLIA
- CULTURA INGLESA
- CULTURA AMERICANA
- CULTURA DA INDIA
- CULTURA DO IRÃO
- CULTURA DE MACAU
- CULTURA DE ISRAEL
- CULTURA DA INDONÉSIA
- HISTÓRIA DAS ARTES
- MÚSICOS E CANTORES
- SANTA INQUISIÇÃO
- DEIXE SEU COMENTÁRIO
- CONTACTOS
Manifestação de 6 de Junho de 1975
A Manifestação de 6 de Junho de 1975, ou simplesmente o 6 de Junho, foi uma manifestação organizada pela lavoura micaelense, em Ponta Delgada.
Organização da manifestação
Os organizadores da manifestação foram os grandes proprietários e terratenentes de São Miguel, que conseguiram reunir uma manifestação de vários milhares de pessoas. Os principais motivos da manifestação foram as reivindicações da lavoura micaelense, onde se misturavam as reivindicações neo-fascistas separatistas, como reacção contra a inclinação política para a esquerda então verificada no Continente, e com o desejo de impedir a eventual aplicação de reformas progressistas em São Miguel, como a Lei do Arrendamento Rural mais justa, proposta pelo Governador Civil do Distrito Autónomo de Ponta Delgada, o histórico antifascista António Borges Coutinho, e pelo Presidente da Junta Geral, Álvaro Soares de Melo, ambos militantes do M.D.P./C.D.E., ou mesmo de uma Reforma Agrária, que, neste caso, teria que ser uma iniciativa do Ministério da Agricultura.
Segundo o escritor Daniel de Sá, a ideia da manifestação Começou numa conversa de três amigos ricos ligados à lavoura. Foi um deles que mo contou, há poucos anos, lembrando isso quase com pavor, dadas as consequências que poderia ter tido. A ideia era concentrar o máximo possível de manifestantes em frente ao palácio do governador do distrito na altura o Dr. António Borges Coutinho.
Os lavradores como aqui se chama aos criadores de gado protestariam a pedir o aumento do preço do leite e diminuição do custo das rações e dos adubos; os trabalhadores do campo exigiriam alfaias mais baratas e os adubos também; e mais uma ou outra reclamação do género. A verdadeira finalidade da manifestação não era conhecida por mais do que umas poucas dezenas de pessoas. Havia um grupo de umas vinte, talvez, que se mantiveram juntas. A multidão foi-se exaltando cada vez mais nos seus protestos frente ao palácio do governo do distrito, de modo que repetia qualquer grito que fosse dado.
A certa altura, quando julgaram conveniente, os tais cerca de vinte gritaram independência! E a multidão repetiu o grito várias vezes. Assim se criou o mito, a pouco e pouco arrefecido pelas sucessivas confissões que têm sido feitas, de que milhares de açorianos micaelenses exigiram a independência naquele dia 6 de Junho.
A manifestação
A manifestação fora proibida pelo Governador Civil, mas mesmo assim ocorreria. António Borges Coutinho receberia então uma delegação dos manifestantes para discutir as suas reivindicações. Na sua versão dos factos, quando se encontrava a discutir com os representantes, terá sido interrompido pelo Governador Militar, general Altino Pinto de Magalhães, que lhe terá afirmado que se deveria demitir de maneira a pôr fim à manifestação.
O Governador Civil, sentindo-se desautorizado pelo Governador Militar, demitir-se-ia publicamente. Uma série de manifestantes, após a sua demissão, numa decisão muito provavelmente já tomada anteriormente, ocuparia a sede do Emissor Regional dos Açores, a sede dos Correios e bloquearia as pistas do Aeroporto de Ponta Delgada. O Governador Militar ordenaria a prisão dos principais indivíduos alegadamente responsáveis por estes actos criminosos, resultando na detenção de 29 dos seus organizadores, na sua maior parte, ligados à extrema-direita fundiária e separatista e ao regime fascista, e enviados para Angra do Heroísmo.
Apesar de, mais tarde, vários dos detidos terem assumido publicamente a participação nos actos suversivos, os seus processos acabariam por ser arquivados por falta de provas. O director do diário Açores, Gustavo Moura, antigo militante da Legião Portuguesa e da ANP, que de forma demagógica e fascizante, defendera a manifestação, numa editorial em que manifesta que o seu principal objectivo era o separatismo, seria também preso, por este motivo, mas não alvo de nenhum processo por abuso de liberdade de imprensa nem obrigado a demitir-se.
O semanário O Açoriano Oriental, então dirigido por Luciano Mota Vieira, trataria de forma muito mais isenta a manifestação e a demissão do Governador Civil, recordando que este já a pedira anteriormente, após as eleições para a Assembleia Constituinte, devido à derrota clamorosa do MDP/CDE, sendo demovido pelo então ministro da Administração Interna, major António Arnão Metelo.
Da restante imprensa de Ponta Delgada, o diário Correio dos Açores, com a mesma direcção do tempo do fascismo, composta pelos salazaristas Gaspar Henriques e Manuel Ferreira, tomaria o apoio da manifestação, enquanto o Diário dos Açores e o semanário A Ilha tomariam atitudes mais isentas em relação a esta.
A generalidade da imprensa de Lisboa, dominada pela esquerda, condenaria inapelavelmente a manifestação. O PS, o PCP, o MDP/CDE e o MES condenaram a manifestação, promovendo uma contra-manifestação patriótica na semana seguinte, em 16 de Junho. O PPD, apesar de ter sido o principal apoio da manifestação, também apoiaria a contra-manifestação, para se demarcar dos actos subversivos ligados a esta. De todos os partidos que tinham participado nas eleições para a Assembleia Constituinte em 25 de Abril de 1975 apenas o CDS não a quis apoiar.
O PS, segundo o seu comunicado oficial, referido no jornal A Capital, de Lisboa, de 12 de Junho de 1975, afasta-se do carácter reaccionário que se pretendia imprimir à manifestação inoportuna e habilidosamente convocada por alguns lavradores micaelenses, apoiando todas as medidas enérgicas adoptadas pelo M.F.A. no sentido de garantir a continuidade do processo revolucionário em S. Miguel, neutralizando a acção nefasta de grupos reaccionários minoritários que, traiçoeiramente, atentaram contra a soberania nacional.
De salientar que o PS estava contra os Governadores Civis do MDP/CDE, nomeados por todo o país, mesmo assim, tendo condenado inteiramente a manifestação. O MDP/CDE, por sua vez, pedia a imediata e severa punição dos responsáveis pela manifestação e pelos vergonhosos desacatos que já há tempos se vinham a verificar e que se multiplicaram e intensificaram depois da manifestação do dia 6. O PPD, que, através de alguns dos seus militantes mais destacados, como Américo Natalino de Viveiros, militante da extrema-direita do partido, estivera envolvido na organização da manifestação, segundo o seu comunicado oficial afirmava que: O povo micaelense levou a efeito uma manifestação no dia 6 de Junho segundo cremos apenas com a intenção de reivindicar solução para uma série de problemas que se vinham arrastando sem que tivessem sido resolvidos pelas autoridades competentes.
Sobre os objectivos da manifestação, sublinhavam que só o oportunismo de grupos desvirtuou a pureza deste movimento de massas enxertam-se nelas e nelas colhem audiência o eco para palavras de ordem atentatórias da dignidade do povo português. O PPD afirma não aos separatismos, conquanto se bata por um estatuto autónomo. Apela para que o povo se mantenha atento às manobras de reacção, organizando vigilância popular e se não deixe jogar por interesses obscuros, sejam eles individuais ou de grupos, económicos ou políticos dos latifundiários e proprietários do distrito que mais não pretendem que conservar privilégios e manter a exploração do povo.
Convém não esquecer que o PPD era então oficialmente um partido social-democrata do centro-esquerda e candidato à adesão à Internacional Socialista, sendo o seu líder nacional interino, na ausência por motivos de saúde de Francisco Sá Carneiro, o Prof. Emídio Guerreiro, uma das maiores personalidades da Oposição Democrática em Portugal. No entanto, em São Miguel, a situação era deveras dissemelhante, uma vez que o PPD, como o próprio João Bosco Mota Amaral o reconheceu, não tinha antecedentes democráticos de maior, sendo na prática um partido conservador e pós-fascista.
O Governador Civil do Distrito Autónomo de Angra do Heroísmo, Oldemiro Cardoso de Figueiredo, também militante do MDP/CDE, demitir-se-ia poucas semanas depois da manifestação, por solidariedade com Borges Coutinho. A principal consequência directa da manifestação foi o incremento de actos de terrorismo, aos mais diversos níveis, sobretudo no período de Junho a Agosto de 1975. Vários militantes do MDP/CDE e do PCP foram obrigados a partir para o Continente em Agosto, incluindo Manuel Barbosa, então contando 69 anos. A notícia de deportação de militantes comunistas para o Continente foi notícia de primeira página do Diário de Notícias, então com uma direcção gonçalvista e servindo de porta-voz oficioso ao governo.
A mistificação em torno da manifestação
Apesar de ambiente político então vivido no Continente ter significado, da parte do Poder Central e do MFA, a condenação inequívoca de uma manifestação promovida pela reacção micaelense, o Governo da República, então ainda presidido pelo general Vasco Gonçalves, determinaria a formação de uma Junta Regional dos Açores, que substituiu as administrações dos três distritos autónomas dos Açores.
A criação da Junta Regional dos Açores fora proposta pelo Grupo dos Onze, presidido pelo Governador Civil Borges Coutinho, em Janeiro de 1975, nada tendo certamente a dever à manifestação que, pela sua natureza reaccionária, em nada pode ter contribuído positivamente para o processo de autonomia, que seria discutido na Assembleia Constituinte.
A única referência à manifestação sucedeu em 19 de Março de 1976 quando o deputado Vital Moreira PCP interpelou Américo Natalino de Viveiros PPD, a propósito de declarações que este fizera a este respeito na imprensa de Ponta Delgada. Segundo a resposta de Natalino de Viveiros: a manifestação de 6 de Junho foi para pôr termo à ditadura que estava implantada nos Açores e que era feita pelo ex-governador Borges Coutinho, governando como um déspota sic, sem respeito nenhum pela vontade popular, e foi por isso que essa manifestação se fez, e foi por isso também que houve as tais minorias a que eu me referi aí, que puderam manobrar o povo para o levar a tomar atitudes menos dignas e que não estavam no espírito dessas populações.
Estas afirmações, apesar do PPD de São Miguel não ter feito qualquer campanha pela demissão do Governador Civil depois das eleições constituintes de 1975, motivariam uma réplica de Orlando Marques Pinto MDP/CDE, que protestou contra os insultos proferidos, uma vez que Borges Coutinho fora um resistente antifascista que pagou na cadeia longos tempos de prisão e de enxovalhos permanentes, enquanto eu não sei o que nessa altura faria o Sr. Deputado que fez essa afirmação.
Nem mesmo assim a direita regional mais reaccionária, sobretudo micaelense, procurou mistificar a data, como tendo alegadamente desempenhado um papel importante na instauração da autonomia político-administrativa em 1976. O PS sempre se opôs a esta mistificação, feita principalmente na imprensa de Ponta Delgada, dominada por jornalistas reaccionários e ligados à extrema-direita, como Gustavo Moura, que a fez tanto durante a sua direcção do Açores como do Açoriano Oriental.
A maior mistificação do 6 de Junho, no entanto, tem sido feita no Correio dos Açores, que se tornaria no actual regime o porta-voz oficioso da facção mais reaccionária do PSD e da extrema-direita separatista micaelense, durante as direcções de Jorge do Nascimento Cabral, de 1981 a 1999, separatista assumido, apesar de militante do PSD, e de Américo Natalino de Viveiros, a partir de 1999.
Em 7 de Junho de 1978, José António Martins Goulart, líder do grupo parlamentar do PS na Assembleia Regional da Horta, afirmaria: O 6 de Junho é uma data que nada de real e importante representa para o povo destas ilhas e que nada tem a ver com pretensas reacções populares espontâneas sic. Representa, sim, a expressão de uma única ameaça totalitária que nunca foi erradicada desta terra.
Representa a partir de ontem, mais uma etapa da libertação de um povo que nestas ilhas saberá responder não aos saudositas sic do passado. Mesmo assim, a necessidade de mistificar a data originou a proposta do vereador independente Carlos Rego Costa, eleito pelo PS, de atribuir o nome de Rua 6 de Junho à Rua dos Chagas, em Ponta Delgada, que viria a ser aprovada em 1979, apesar dos votos contra do PS.
O nome tem-se mantido até à actualidade, sem que se tenha procurado proceder à sua substituição. O diário Açoriano Oriental, por iniciativa do seu director Gustavo Moura, na sua edição de 6 de Junho de 2000, comemorativa do 25º aniversário da manifestação, reeditaria um fac-símile da edição do Açores de 7 de Junho de 1975, com a editorial que levaria Moura à prisão.
No entanto, o Açoriano Oriental nada fizera de semelhante o ano anterior, aquando das comemorações do 25º aniversário do 25 de Abril de 1974. A editorial de Moura de 6 de Junho de 2000 titulava Unidade, Um Exemplo a Não Esquecer, apesar de afirmar que o Presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, se tinha demarcado da manifestação, mesmo reconhecendo a sua alegada dimensão histórica.
A Câmara Municipal de Ponta Delgada, durante as edilidades do PSD, tem contribuído para a mistificação em torno da manifestação. Na mesma ocasião, foi aprovada a inauguração de uma placa comemorativa, com uma inscrição de Antero Rego, militante do fascista-separatista PDA. Na inauguração da placa, discursou o separatista Jorge do Nascimento Cabral, um dos maiores mistificadores da manifestação, e estiveram presentes vários membros da extrema-direita micaelense.
O historiador revisionista Avelino de Freitas de Meneses, da direita reaccionária, apesar de Secretário Regional da Educação e Cultura de um Governo Regional do PS, manifestou recentemente o seu apoio à mistificação em torno da manifestação. Apesar de não o demonstrar minimamente, afirma que Esta data ainda não foi devidamente enobrecida, mas vai sê-lo à medida que o tempo for passando e as memórias se forem esvanecendo. Sem o 6 de junho de 1975 não se teria chegado tão longe.
O escritor Cristóvão de Aguiar descreveria, lucidamente, os acontecimentos de 6 de Junho de 1975, no seu diário: É temerário reverter-se três ou quatro mil vozes, por mais berreiro que façam, na voz de um povo inteiro ou de toda uma Ilha que conta muito mais de um cento de milhar de habitantes. Isto faz lembrar os alevantes do século passado 1869 em que o povo defendia os interesses dos grandes senhores e não os seus.
Ora, o 6 de Junho também não fugiu à regra. Os três ou quatro mil manifestantes foram, na sua maior parte, arrebanhados nas zonas rurais pelos grandes proprietários, para servir de eco triste vocação aos interesses de seus amos e senhores. A democracia, que custou os olhos da cara para ser conquistada, tem por vezes destes efeitos perversos.
Na verdade, a minoria activa que oprime e sempre oprimiu o povo micaelense existe é a mesma que se manifestava ao seu lado em Ponta Delgada, em Junho, seis. Foi iniciado recentemente no Facebook um movimento que pretende substituir o nome da Rua 6 de Junho por Rua Marechal Humberto Delgado, em Ponta Delgada.
Possível relacionamento com o incêndio da Reitoria da Universidade dos Açores, em 12 de Junho de 1989
Uma hipótese ainda hoje aventada, admitida pelo próprio então reitor da Universidade dos Açores, António Machado Pires, admite que o incêndio que destruiu o edifício onde funcionava a Reitoria da Universidade dos Açores, em 12 de Junho de 1989, cujas causas permanecem por apurar, sendo muito contestada a explicação de que teria resultado de um curto-circuito, terá sido na verdade fogo posto por membros da extrema-direita fascista-separatista micaelense.
O acto criminoso teria sido uma forma de protesto contra a celebração da Presidência Aberta de Mário Soares nos Açores, que terminou em 12 de Junho de 1989, o mesmo dia em que deflagrou o incêndio, durante a qual se celebrou o Dia de Portugal, e também por esta ter coincidido com a data de 6 de Junho, dia em que os portões da Universidade dos Açores apareceram fechados a cadeado. O próprio guarda da Universidade dos Açores seria alvo de um atentado em 11 de Setembro de 1989, dia em que ia prestar declarações à Polícia.
FONTE WIKIPÉDIA