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André de Almada
Dom André de Almada foi um padre da Companhia de Jesus, lente jubilar de Teologia e Prima na Universidade de Coimbra, Reitor então chamado Governador ou Prelado da mesma, e também, porcionista do Colégio de S. Paulo da mesma cidade, ao qual legou a sua livraria.
Nomeado Governador e também Reformador dessa Universidade a 27 de Janeiro de 1638, dirigiu algum tempo como Orelado estas escolas e gozou sempre o respeito e estima de toda a corporação. Tanto pela sua personalidade amável como pela sapiência cultural e até cientifica. Ficando neste último campo, por curiosidade, que chegou até nós o conhecimento que aí um montou um observatório astronómico, com um moderno e exímio telescópio, que vários pesquisadores de nomeada, inclusive estrangeiros, se serviram dele para importantes estudos.
No testamento de seu sobrinho, D. Antão d'Almada o Restaurador, é por este nomeado um dos seus testamenteiros existe no arquivo da Casa Almada o testamento.
Deve ter existido uma enorme ligação entre ambos que muito terá contribuído para que tenha crescido um sentimento patriótico comum, que privilegiava a separação de poderes entre a Espanha e Portugal de novo. Esse debate devia ser constante e alargado, intervindo o próprio meio intelectual e académico do qual o tio estava tão evolvido, não só o jesuíta que é conhecido por ter vários que o defendiam. Assim se compreende que o famoso matemático cisterciense Juan Caramuel y Lobkowitz, que criou uma importante tabela astronómica, escrevesse um impresso político contrário abordando-o e depois António de Sousa de Macedo tenha dedicado a sua resposta ao "Almada" mais novo, herói do 1 de Dezembro de 1640
Pe. João Bautita de Castro no tomo II do "Mapa de Portugal Antigo e Moderno" diz: "D. André de Almada, filho egrégio de Lisboa, e tão venerado por sua literatura, juízo, e capacidade, que entre todos os Catedráticos da Universidade de Coimbra, foi ele nomeado para escrever ao Papa, suplicando-lhe a definição da imaculada pureza da Senhora. Foi lente de Vésperas de Teologia, duas vezes jubilado, e sócio no magistério do exímio Soares granatense. Escreveu um doutíssimo tratado de Incarnatione, e mereceu as estimações dos homens mais eruditos da Europa. Acabou a vida no ano de 1642 em Coimbra".
Extracto do livro intitulado "Francisco Suárez Doutor Eximius - Colecção de Documentos publicados por deliberação da Faculdade de Teologia da Universidade de Coimbra, para comemorar o terceiro centenário da incorporação do Grande Mestre e Príncipe da Ciência Teológica no professorado da mesma Universidade" - Coimbra 8 de Maio de 1897, pelo Dr. António Garcia Ribeiro de Vasconcellos, pg.LXXXI e seguintes: "D. André d'Almada, o ilustre e simpático professor, a quem os colegas respeitavam, e a quem os estudantes amavam com admiração e reverencia filial.
Quando Suárez veiu para Coimbra em 1597 já D. André, na falta dos Catedráticos, era chamado a reger como simples bacharel formando várias cadeiras. No ano de 1607 - 1608 foi promovido definitivamente na Catedrilha de Gabtiel, doutorou-se no ano imediato, e depois ascendeu gradualmente às diversas cadeiras, até a de Véspera, de que tomou a posse no principio de Abril de 1615.
O seu talento e saber eram tão conhecidos e incontestáveis, que, em se apresentando como opositor a uma cadeira vaga, todos os restantes pretendentes desistiam, não aparecendo quem se atrevesse a medir-se com ele. A isto se referem os versos latinos de D. José Barbosa, que acompanham o retrato aqui junto do notável teólogo. Também nele se faz alusão aos seus conhecimentos de geografia e cosmografia, que eram celebrados.
A fama dos seus talentos, ultrapassando as raias de Portugal e da península hispânica, percorrem a Europa, e o seu nome foi conhecido e memorado nos países estrangeiros.
Era tal o respeito, que os estudantes da Universidade de Coimbra lhe tributavam, que, ainda muitos anos depois da sua morte era sempre tratado por - SENHOR D. ANDRÉ -, quando nele se falava.
Foi um dos mais entusiásticos admiradores de Suárez, a quem amava com submissa veneração de humilde discípulo. O DOUTOR EXIMIOS também dedicou a este seu colega particular afeição, que por seus excelentes dotes bem merecia. Escolheu-o entre todos os colegas para o substituir em seus longos impedimentos, como adiante se verá. Ao terminar a carreira gloriosa de professor, o Dr. Suárez esforçou-se quanto pode por obter que D. André d'Almada lhe sucedesse na cadeira de Prima; a ninguém achava na Universidade tão capaz e tão digno de reger a primeira e mais importante das cadeiras da Faculdade.
Em letras ninguém lhe vai adiante, que eu conheça, e na qualidade de sua pessoa, excede a todos.
Estas palavras escritas a respeito de D. André pelo grande mestre, em carta esta carta de 1615, em que se refere a D. André, é dirigida a D. Rodrigo da Cunha, inquisidor de Lisboa e Bispo de Portalegre, primo de D. André e seu padrinho de doutoramento cujo autógrafo eu tenho neste momento, e que vai aqui reproduzida no livro em fac-símile constituem o mais alevantado e completo elogio com que podia ser honrado aquele doutor Conimbricense".
"A propósito de livros" reproduzimos uma anedota editada aqui há tempos num jornal: "D. André d'Almada, que foi lente de teologia na Universidade de Coimbra, na primeira metade do século XVII, e o governador e reformador dela, vendo um dia certo estudante nobre, da porta de um livreiro, lhe perguntou que fazia? Ao que o estudante lhe respondeu: estava comprando livros para passar o tempo. Então D. André d'Almada lhe tornou: vossa mercê compra livros para passar o tempo; e eu tomara poder comprar tempo para passar livros".
No “Portugal diccionario historico, chorographico, heraldico, biographico, bibliographico, numismatico e artistico”, e na "Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira", diz que: "Escreveu dois tratados latinos, DE INCARNATION, cuja impressão ficou interrompida em virtude da sua morte, e DE TRIPLICE SCIENTIA ANIMAE CHRISTI".
Diz o padre António Carvalho de Costa, em 1708, que ele tinha a quinta "para recreação" em Ançã
Dados genealógicos
Filho de: D. Antão Soares de Almada e de: D. Vicência de Castro
Nasceu em 1570, em Pombalinho. Morreu a 29 de Novembro de 1642, em Coimbra, no Colégio de S. Paulo.
Jaz sepultado na Igreja do Convento de S. Marcus, em São Silvestre Coimbra, numa campa rasa, mas, no panteão dos seus parentes Silvas pela sua mãe, Morgados de Monchique.
FONTE WIKIPÉDIA